segunda-feira, 20 de julho de 2015

Programação de Férias Escolares do Sesc Palladium traz Mostra Especial do diretor japonês Hayao Miyazaki | Rotina em Belo Horizonte

Aproveitando o período de férias escolares e proporcionando um ambiente que associa lazer, educação e cultura ao oferecer uma programação diversificada que envolve peças teatrais e oficinas para crianças, o Programa Educativo do Sesc Palladium também traz para a capital mineira, em mais uma edição do Projeto “De Férias!”, uma Mostra Especial de Cinema com nove longas-metragens do premiadíssimo animador e diretor japonês Hayao Miyazaki. A exibição dos filmes começará a partir de amanhã, dia 21, e vai até o dia 31 de julho, na Sala Professor José Tavares de Barros.

Hayao Miyazaki é um dos maiores nomes do cinema de animação do Japão ao lado de Isao Takahata, diretor do clássico “Túmulo dos Vagalumes” (1988) e do recente e aclamado sucesso “O Conto da Princesa Kaguya” (2013). Juntos, os dois foram os grandes responsáveis pela fundação do renomado Studio Ghibli, que presenteia, há quase 30 anos, os fãs de cinema e de desenhos animados com obras extraordinariamente sensíveis e de uma beleza visual ao mesmo tempo sutil e impactante.

Trabalhando desde muito jovem como animador, Miyazaki ingressou em 1963, com apenas 22 anos, como intervalador (responsável por desenhar as partes que unem todos os frames principais de uma animação) dos Estúdios Toei Douga mas, já com essa idade, chamava a atenção por sua inventividade, pelo interminável fluxo ideias na concepção de roteiros para bons filmes e, claro, pela sua incrível capacidade técnica e habilidade quando estava com um lápis e um papel na mão. Posteriormente, foi envolvido em muitos clássicos da animação japonesa e, ao longo de quase dez anos, teve o seu nome creditado em vários curtas-metragens e episódios de alguns dos seriados mais famosos do país no período.

"Tonari no Totoro" (1988) de Hayao Miyazaki - Tokuma Japan Communications [jp] | Studio Ghibli [jp] | Nibariki [jp]

O primeiro trabalho de expressão de Hayao Miyazaki foi como animador chave e designer de cenários em “Horus: O Príncipe do Sol” (1968), dirigido pelo amigo Takahata. Com a saída de ambos da Toei, em 1971, e com passagens por estúdios como a Nippon Animation e a TMS Entertainment, houve a possibilidade de que voos mais altos fossem alçados pelos dois colegas. Miyazaki teve a oportunidade de dirigir de forma efetiva a sua primeira série animada para a televisão japonesa, “Conan - O Rapaz do Futuro” em 1978 e, um ano mais tarde, estreou o seu primeiro longa para o cinema, “O Castelo de Cagliostro” (1979). Paralelamente, o desenhista mantinha um projeto interessantíssimo, a saga em mangá (os populares quadrinhos japoneses) “Nausicaä”, que também se transformou em filme e foi lançado como “Nausicaä do Vale do Vento” (1984), sucesso que alavancou a criação da Ghibli.

Os primeiros filmes de Miyazaki na fase de seu recém-criado estúdio, “O Castelo no Céu” de 1986, e “Meu Vizinho Totoro” (imagem acima) de 1988, que pode ser entendido, de certa forma, como uma pequena homenagem do diretor à sua mãe (com quem tinha ligações afetivas muito fortes) e à sua infância sonhadora, já foram responsáveis por arrebanhar, ao redor do mundo, um grande número de fãs e admiradores de artes tão singulares como os desenhos e as animações japonesas.

Entretanto, o filme que lhe deu projeção internacional e reconhecimento de crítica foi o sombrio “Princesa Mononoke” (1997), onde Miyazaki abordou, de forma severa e vanguardista, assuntos delicados como a guerra e a ecologia. No longa, acompanhamos as destemidas ações do nobre guerreiro Príncipe Ashitaka, atacado pelo demônio Tatari Gami, que o amaldiçoa. Em busca da cura e tentando compreender o mal que lhe aflige, ele parte em uma jornada rumo às terras de um outro clã, e acaba se deparando com uma violenta luta entre seres humanos membros de uma colônia de mineração e deuses florestais. No seu caminho, ele também encontrará San, a Princesa Mononoke, garota criada por lobos e que luta ao lado dos deuses por nutrir um ódio pela humanidade.

Em 1998, “Princesa Mononoke” venceu a categoria principal como Melhor Filme do Japan Academy Prize Film Award (equivalente japonês do Oscar) e foi, por algum tempo, a maior bilheteria cinematográfica da história do Japão à época de seu lançamento (com cerca de 150 milhões de dólares arrecadados), sendo superada apenas com a estreia, no mesmo ano, de “Titanic” (1997) de James Cameron. Tamanho sucesso fez com que Miyazaki anunciasse a sua aposentadoria precoce, temendo cansaço, exaustão e uma consequente queda da qualidade de suas obras, visto que o aumento do ritmo de trabalho e as cobranças de um mercado consumidor (agora global) seriam cada vez maiores.

"Mononoke-hime" (1997) de Hayao Miyazaki - DENTSU Music and Entertainment [jp] | Nibariki [jp] | Studio Ghibli [jp]
Nippon Television Network (NTV) [jp] | TNDG [jp] | Tokuma Shoten [jp]

Profissional apaixonado e incapaz de aposentar definitivamente, Miyazaki continuou a trabalhar com animação discretamente e o hiato na carreira como diretor durou apenas quatro anos. Ele voltou de forma encantadora e triunfal em 2001 para nos contar sobre “A Viagem de Chihiro”, história de uma garotinha de dez anos, mimada e voluntariosa, que se sente profundamente infeliz ao ser obrigada a abandonar os amigos e a escola que tanto gostava quando os pais lhe dizem que estão prestes a se mudar para uma cidade do interior. Durante a viagem, a família se perde e vai parar em um outro mundo, habitado por deuses, espíritos e criaturas fantásticas que transformam os seres humanos em animais. Chihiro viverá uma grande aventura, onde deverá superar seus medos e amadurecer para conseguir salvar os seus pais e voltar a viver em seu mundo.

“A Viagem de Chihiro” acabou sendo reconhecido e premiado com um Oscar na categoria de Melhor Filme de Animação em 2003 e, desde então, mesmo com a idade avançada e com alguns problemas de saúde, Miyazaki voltou para a dura rotina de produção de filmes e, até 2013, lançou mais oito curtas-metragens e três outros belíssimos longas: “O Castelo Animado” (2004), baseado em um conto infanto-juvenil ocidental da escritora britânica Diana Wynne Jones; o encantador “Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar” (2008); e o poético, histórico e maravilhoso “Vidas ao Vento” (2013). Após o lançamento deste último, o diretor anunciou uma nova aposentadoria, dizendo que seu trabalho “demandava muito tempo e energia”, coisas que, infelizmente e humildemente, ele alegou não possuir mais.

Apesar de mais um triste anúncio, já foi confirmada, no início deste mês, a primeira incursão do diretor em um trabalho utilizando a tecnologia 3D e a computação gráfica. O próximo filme de Miyazaki será um curta-metragem, feito especialmente para o Museu Ghibli, em Tóquio, e não entrará em circuito comercial. O curta contará a história de uma curiosa lagarta peluda e a certeza é de que será mais um grande sucesso, afinal a alta qualidade das animações e as notórias parcelas de entretenimento de filmes, recheados com personagens cativantes e histórias de tirar o fôlego, fazem do diretor um mestre do cinema de animação e um incrível contador de histórias que sempre encantará tanto adultos quanto crianças.

"Sen to Chihiro no Kamikakushi" (2001) de Hayao Miyazaki - Tokuma Shoten [jp] | Studio Ghibli [jp] | Mitsubishi [jp]
Dentsu [jp] | Nippon Television Network (NTV) [jp] | Buena Vista Home Entertainment [jp] | Tohokushinsha Film Corporation (TFC) [jp]

Assim como os espetáculos e as oficinas, as sessões de cinema com os filmes de Miyazaki serão gratuitas e especiais para famílias e para o público escolar sendo que, para esse último, se faz necessário um agendamento prévio pelo e-mail educativopalladium@sescmg.com.br ou pelo telefone (31) 3214-5376. Com retirada dos ingressos na bilheteria do Sesc duas horas antes do início de cada filme, a Mostra também será aberta ao público espontâneo, caso não seja atingida a lotação do espaço. A Sala Professor José Tavares de Barros está localizada no Sesc Palladium, na Avenida Augusto de Lima 420, centro de Belo Horizonte. Observação: a casa não funciona às segundas-feiras.

Com a lembrança de que serão projetados todos os longas-metragens que Hayao Miyazaki dirigiu e produziu durante a fase Ghibli (e somente eles), confira agora a lista dos títulos, datas e respectivos horários exibição:

- O Castelo no Céu (Tenkû no Shiro Rapyuta, Japão, 1986)

Dia 23, às 19:30 | Dia 26, às 19:30

- Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro, Japão, 1988)

Dia 22, às 19:30 | Dia 30, às 19:30

- O Serviço de Entregas da Kiki (Majo no Takkyûbin, Japão, 1989)

Dia 25, às 17:30 | Dia 30, às 17:30

- Porco Rosso: O Último Herói Romântico (Kurenai no Buta, Japão, 1992)

Dia 24, às 17:30 | Dia 29, às 17:30

- Princesa Mononoke (Mononoke-hime, Japão, 1997)

Dia 26, às 17:00 | Dia 28, às 17:30

- A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi, Japão, 2001)

Dia 21, às 17:30 | Dia 25, às 19:30

- O Castelo Animado (Hauru no Ugoku Shiro, Japão, 2004)

Dia 23, às 17:30 | Dia 29, às 19:30

- Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo, Japão, 2008)

Dia 22, às 17:30 | Dia 31, às 17:30

- Vidas ao Vento (Kaze Tachinu, Japão, 2013)

Dia 24, às 19:30 | Dia 31, às 19:30

"Kaze Tachinu" (2013) de Hayao Miyazaki - Studio Ghibli [jp] | Buena Vista Home Entertainment [jp] | Toho Company [jp]
Hakuhodo DY Media Partners [jp] | KDDI Corporation [jp] | Mitsubishi Motors Corporation [jp] | Nippon Television Network (NTV) [jp]

BOAS SESSÕES E BOM DIVERTIMENTO!

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