sábado, 4 de julho de 2015

20 Filmes que completam 20 Anos em 2015 | Parte I

Em pouco mais de 120 anos de história, o Cinema foi capaz de produzir, ao redor do mundo, incontáveis histórias que habitam o imaginário de milhões (ou até bilhões) de fãs da Sétima Arte. Alguns filmes já nascem como clássicos instantâneos, outros esperam algum tempo para receberem a devida atenção e reconhecimento do público para também se configurarem como obras inesquecíveis e fundamentais.

Acompanhe, a partir de agora, o início de uma retrospectiva que o Rotina Cinemeira inicia, ao longo deste mês de julho, elencando 20 títulos produzidos e lançados no ano de 1995 e que mantém o fôlego e chegam vigorosos em 2015 completando os seus 20 anos. Filmes que, se não estão, já deveriam estar nas estantes (ou nos HDs) de qualquer cinéfilo.

Carlota Joaquina: Princesa do Brazil (Carlota Joaquina: Princesa do Brazil, Brasil, 1995)

Direção: Carla Camurati

Longa-metragem de estreia da diretora carioca Carla Camurati, “Carlota Joaquina: Princesa do Brazil” molda um painel sobre a vida de Carlota, a infanta princesa espanhola que foi prometida ao Príncipe João de Portugal com apenas dez anos de idade. Ao se casar com o agora Dom João VI (Marco Nanini), Carlota Joaquina (Marieta Severo) vai para Portugal e se decepciona com o futuro diplomático do marido e com o estilo de vida que lhe foi destinado. Conformada e infeliz, a nobre de sangue quente acaba iniciando uma história pessoal de conflitos, infidelidades e muitos filhos, sempre mostrando muita disposição para o poder e, claro, para os seus amantes.

Quando Dom João VI e Carlota Joaquina enfim assumem a Coroa Portuguesa, são prontamente confrontados pelo medo e pela ameaça de Napoleão Bonaparte, que acabara de invadir a Espanha e declarava guerra aos lusitanos. Auxiliados pelos aliados ingleses, o então Rei de Portugal e a Consorte (tremendamente contrariada) desembarcam com toda a corte no Brasil, sua então colônia, para viverem alguns anos no Rio de Janeiro.

Impulsionado pela criação da Lei do Audiovisual em 1993, o lançamento de “Carlota Joaquina: Princesa do Brazil” nas salas de cinema do país dois anos depois (juntamente com o então indicado ao Oscar “O Quatrilho” de Fábio Barreto) marcam o início da retomada e do renascimento do Cinema Brasileiro, que praticamente inexistiu (em termos de grandes produções) com a extinção da Embrafilme no início do governo de Fernando Collor de Melo.

"Carlota Joaquina: Princesa do Brazil" (1995) de Carla Camurati - Copacabana Filmes e Produções [br]

O Nome do Jogo (Get Shorty, Estados Unidos, 1995)

Direção: Barry Sonnenfeld

A comédia policial dirigida Barry Sonnenfeld (famoso anteriormente somente pelos reboots cinematográficos de “A Família Addams”) gira em torno de Chili Palmer (John Travolta), um gângster que se encontra em uma situação delicada após seu chefe morrer devido a um ataque cardíaco, afinal agora ele se vê obrigado a trabalhar para pessoas às quais não se dava muito bem. Já em sua primeira tarefa, o mafioso deve cobrar uma dívida de jogo de Harry Zimm (Gene Hackman), um produtor de “Filmes B” de Hollywood. Ao chegar em Los Angeles, entretanto, a paixão que Palmer nutria pelo cinema se desperta e a oportunidade de iniciar um outro estilo de vida o fazem apostar todas as fichas no sonho de uma nova carreira.

“O Nome do Jogo” rendeu ao ator John Travolta a sua primeira e única premiação ao Globo de Ouro de Melhor Ator na Categoria Comédia ou Musical em 1996. Travolta, que vinha amargando presenças em trabalhos medianos desde os meados da década de 80, chamou a atenção de Sonnenfeld e ganhou a chance de interpretar Chili Palmer ao ressurgir, um ano antes, com as indicações ao Oscar e também ao Globo de Ouro pelo papel de Vincent Vega em “Pulp Fiction - Tempo de Violência” de Quentin Tarantino. Inicialmente cotado para rodar o projeto, o próprio Tarantino, inclusive, recomendou a participação no filme a John Travolta, que pensava seriamente em recusar o convite.

"Get Shorty" (1995) de Stuart Gordon - Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | Jersey Films [us]

Underground - Mentiras de Guerra (Underground, França | Alemanha | Bulgária | República Checa | Hungria | Sérvia, 1995)

Direção: Emir Kusturica

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1995 e indicado ao César de Melhor Filme de Língua Estrangeira em 1996, “Underground - Mentiras de Guerra” é um primoroso Poema Geográfico em forma de filme que retrata, com boas doses de humor negro, a conflituosa situação da Iugoslávia durante e após as Batalhas da Segunda Guerra Mundial. Baseando-se em duas das mais letais armas que o ser humano possui, o verbo e a mentira, o diretor Emir Kusturica desenha a sua fábula em cima da polêmica máxima de que “mentir é a melhor maneira de dizer a verdade”.

Assim como a frase, o lançamento do filme também foi cercado de controvérsias, tanto é que Kusturica (bósnio, porém iugoslavo de nascimento) ameaçou abandonar o projeto quando críticos sérvios começaram a classificar (e denunciar) o seu grande épico como propaganda política panfletária pró Iugoslávia. O filme segue as ações de Marko Dren (Predrag Manojlovic), um poeta que lidera uma banda de músicos ao mesmo tempo em que mantém uma fábrica clandestina de armamentos no subsolo de sua residência em Belgrado, participando, assim, do submundo do tráfico durante a Guerra. No calor latente dos conflitos, Marko ainda resolve abrigar em seu porão o amigo revolucionário Crni Blacky (Lazar Ristivski) juntamente com toda a sua família.

Devidamente protegidos das investidas nazi, esses “refugiados” também começam a trabalhar na fábrica e, além do amigo, Marko começa a esconder outros policiais e soldados que também são utilizados como fonte de mão de obra para continuar a produzir e contrabandear armas no mercado negro para um batalhão de combatentes. O que ninguém esperava é que, mesmo após o fim dos conflitos, Marko enganaria a todos por mais longos 15 anos dizendo que a Guerra ainda não havia acabado, simplesmente para que todos continuassem trabalhando no abrigo.

Heroico ou apenas reflexo da imagem fidedigna de um país que nunca deixou de ser belicoso (assim como toda a região dos Bálcãs), “Underground - Mentiras de Guerra” é a metáfora perfeita para o drama de gerações perdidas de um país em constante desintegração.

"Underground" (1995) de Emir Kusturica - Pandora Filmproduktion [de] | Novofilm [hu] | Barrandov Studios [cz]
Komuna [rs] |PTC [rs] | Mediarex [cz] | ETIC Films [cz] | Tchapline Films [bg] | CiBy 2000 [fr]

Coração Valente (Braveheart, Estados Unidos, 1995)

Direção: Mel Gibson

Figuras históricas e emblemáticas para a história de um determinado país sempre renderam bons argumentos para bons filmes, e o ator e produtor Mel Gibson acertou em cheio ao escolher a figura do guerreiro medieval escocês William Wallace (1270 - 1305) para compor o deslumbrante e encantador épico “Coração Valente”, sua segunda incursão como diretor de longas-metragens, após o relativo sucesso de “O Homem sem Face” (1993).

Além de dirigir, Gibson produz e estrela o seu próprio filme na pele Wallace, que liderou seus compatriotas em uma resistência escocesa frente à dominação inglesa imposta pelo Rei Eduardo I (Patrick McGoohan) na virada do século XIII para o século XIV. Nas mãos do roteirista Randall Wallace e nos olhos cineasta Gibson, William Wallace ganha contornos mais romantizados e menos sanguinolentos, procurando não escancarar quão destrutiva e “dizimatória” foi a Primeira Guerra de Independência da Escócia, que ainda se estendeu por mais longos 23 anos após a morte do principal ícone da revolução.

Wallace é o típico patriota motivador (aqui, até com certas nuances americanizadas) que presenciou uma série de atrocidades cometidas de maneira infundada pelo Exército e pela Realeza Britânica (incluindo a morte do pai e da esposa, por exemplo) e que, frente a todas essas dificuldades, reúne um exército de camponeses esfrangalhados e fadados à derrota rumo à uma imponente e heroica vitória na Batalha de Stirling Bridge, misturando de forma homogênea os sabores doces e amargos da liberdade e da vingança. A sua incansável luta pela soberania da Escócia, porém, esbarra-se na falta de apoio de nobres líderes de clãs escoceses mais abastados que preferem manter os privilégios conquistados juntos à coroa inglesa. Traído, torturado e executado, William Wallace morre sem nunca ter renegar a grandiosidade e a importância dos seus feitos.

Sendo indicado ao Oscar em 10 categorias e vencendo em cinco delas (Filme, Diretor, Fotografia, Edição de Som e Maquiagem) no ano de 1996 e abocanhando o Globo de Ouro de Melhor Direção no mesmo ano, “Coração Valente” encantou e fez público e crítica reverenciá-lo principalmente pela humanização de um bravo revolucionário e pelas tão comentadas e bem orquestradas cenas de batalha conduzidas por um talentoso ator/diretor. Um Épico que faz jus à sua notoriedade!

"Braveheart" (1995) de Mel Gibson - Icon Entertainment International [us] | The Ladd Company [us] | B. H. Finance C. V.

Fogo Contra Fogo (Heat, Estados Unidos, 1995)

Direção: Michael Mann

Como o próprio lançamento do filme se anunciou, “Fogo Contra Fogo” é uma original e exuberante saga de crime e obsessão. No longa dirigido e roteirizado por Michel Mann, acompanhamos o drama de Vincent Hanna (Al Pacino), um agente federal que trabalha no Departamento de Roubos e Homicídios da Polícia de Los Angeles. Completamente apaixonado por seu serviço, o policial percebe que sua vida pessoal está em completo desequilíbrio, causado justamente por sua excessiva dedicação ao trabalho, o que acaba prejudicando, inclusive, o seu casamento. Em meio ao seu drama particular, Hanna deve investigar um grande assalto ocorrido na cidade que vitimou três policiais, causando um enorme prejuízo de mais de um milhão de dólares em títulos de crédito aos cofres públicos.

Encabeçando este crime e liderando mais uma série de roubos altamente planejados está Neil McCauley (Robert De Niro), um criminoso de renome que está determinado a nunca mais voltar para a cadeia após passar muitos anos preso. Ao lado do seu braço direito, Chris Shiherlis (Val Kilmer), Neil comandará a sua perigosa gangue com imoral frieza, confrontando diretamente o experiente, determinado e atarefado Vincent Hanna.

Com uma trama obsessivamente arrepiante, “Fogo Contra Fogo” se tornou um clássico instantâneo, um épico do gênero policial e um dos melhores filmes do diretor Michael Mann. O filme ainda é famoso por fazer com que Al Pacino e Robert De Niro, duas das maiores personalidades de Hollywood, contracenassem pela primeira vez. O encontro manteve-se adiado desde quando os dois haviam integrado o elenco de “O Poderoso Chefão - Parte II” (1974) de Coppolla onde, na ocasião, não estiveram juntos frente às câmeras nenhuma vez. A reunião dos dois astros em um mesmo casting voltou a acontecer em “As Duas Faces da Lei” (2008) de Jon Avnet.

"Heat" (1995) de Michael Mann
Warner Bros. [us] | Regncy Enterprises [us] | Forward Pass [us] | Art Linson Productions [us] | Monarchy Enterprises B. V.

Continuem acompanhando nossa retrospectiva e aguardem a Parte II na próxima semana!

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