sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cine Humberto Mauro exibe a partir desta sexta a Mostra “Anatomia do Medo: Terror Anos 80” | Rotina em Belo Horizonte

Com uma programação assustadoramente especial montada para o período de férias escolares, o Cine Humberto Mauro começa a exibir a partir de hoje a Mostra “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”. Ao todo serão projetados, até o dia 29 de julho, 37 filmes em formato digital que prometem amedrontar o público de Belo Horizonte com sessões nostálgicas dos eternos clássicos de horror e de terror da época mais produtiva para o gênero, não só nos Estados Unidos como em todo o mundo. O evento ainda conta com atividades e exibições especiais e já são garantia de sucesso no cenário cultural da capital.

A Mostra dará continuidade a uma pesquisa proposta pela curadoria e pela Gerência de Cinema do Humberto Mauro que busca revisar tais produções de forma categórica ao longo dos anos e que teve início em fevereiro, com a Mostra “O Fascínio do Medo: Terror Anos 70” (link para o artigo sobre essa Mostra AQUI). Os filmes produzidos na década anterior são referências cinematográficas de um tempo em que a indústria passava por uma de suas mais importantes transformações, contribuindo efetivamente para a afirmação do terror como cinema de gênero com obras inventivas e autorais. Com o horror e o terror já consolidados e com seu alto grau de popularidade, os anos 80 marcaram uma época de amplas e diversificadas produções, que ainda foram capazes de eternizar ícones dos chamados “slasher movies”, como Chucky, Freddy Krueger e Jason Voorhees.

"A Nightmare on Elm Street" (1984) de Wes Craven
New Line Cinema [us] | Media Home Entertainment [us] | Smart Egg Pictures [gb] | The Elm Street Venture [us]

Assim como a Mostra dos anos 70, o programa desta também é variado, perpassando por megaproduções aclamadas como “Aliens - O Resgate” (1986) de James Cameron, e por filmes da cena independente que, como uma avalanche na década de 80, contribuíram muito para a o já citado movimento firmação do gênero; esse é o caso de “Cujo” (1983) de Lewis Teague. Ainda veremos grandes obras como “Creepshow: Show de Horrores” (1982) e “Instinto Fatal” (1988) de um veterano e já maduro George A. Romero, referência mundial para os filmes de terror. Já Dario Argento, mestre do cinema de horror italiano e diretor do clássico “Suspiria” (1977), também estará presente na programação com mais dois filmes: “A Mansão do Inferno” (1980) e “Tenebre” (1982).

Neste primeiro fim de semana da Mostra, haverão dias especiais destinados a exibição dos filmes mais emblemáticos de dois dos principais cineastas do período: no sábado, dia 4 a programação é dedicada ao nova iorquino John Carpenter, um dos mestres do cinema de horror moderno que solidificou a sua carreira ainda muito jovem imprimindo desde seus primeiros filmes uma forte tendência autoral marcada, sobretudo, pelo uso preciso da trilha sonora e dos movimentos de câmera. Apesar das dificuldades financeiras e de mercado que eram impostas ao gênero ainda no início da década de 60, o diretor sempre se preocupava com a estética e o primor técnico em seus trabalhos. Serão reproduzidos nesta ordem: “Christine, o Carro Assassino” (1983), “A Bruma Assassina” (1980), “O Enigma de Outro Mundo” (1982) e “Príncipe das Sombras” (1987).

Já no domingo, dia 5 de julho, o homenageado é o virulento diretor canadense David Cronenberg, famoso por seu notório interesse tanto nas mudanças quanto nas apropriações sofridas pelo corpo ao se submeter a descomunais procedimentos físicos ou mentais que, invariavelmente, podem se configurar como severas críticas às sociedades de espetáculo e à debilidade espiritual que acomete os seres humanos. Foram selecionados para a data: “Scanners - Sua Mente pode Destruir” (1981), “Videodrome: A Síndrome do Vídeo” (1983), “A Mosca” (1986) e “Gêmeos - Mórbida Semelhança” (1988).

Como complemento, é interessante assistir ao vídeo a seguir. Trata-se de um interessante debate realizado no ano de 1982 e que teve como tema “O Medo nos Filmes”. Mediada por Mick Garis, a conversa contou com a participação de Carpenter, Cronenberg e John Landis (que também possui um filme inserido na programação da Mostra “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”):


Ainda dentro do cronograma e em concomitância com a programação do I Inverno das Artes, que tem a proposta de fomentar a cultura no mês de julho em Belo Horizonte, combinando shows, debates e oficinas de artes visuais, a Gerência de Cinema vem com a proposta da exibição especial de dois filmes ao ar livre no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. No dia 17 de junho, a partir das 21:00, o público poderá conferir, pela primeira vez na Mostra, a projeção de “A Hora do Pesadelo” (1984) de Wes Craven e “Sexta-Feira 13” (1980) de Sean S. Cunningham. A entrada será feita pelos jardins do Palácio das Artes, com distribuição de ingressos e pulseiras no dia anterior às sessões. A lotação estipulada pelos organizadores é de 500 espectadores.

“A Hora do Pesadelo” e “Sexta-Feira 13” ainda integrarão a Maratona do Terror que exibirá, entre os dias 24 e 25 de julho, os maiores clássicos do período e também algumas sequências de sucesso de forma ininterrupta. Referência absoluta do cinema de horror e um dos filmes responsáveis por inaugurar essa primorosa década para o gênero, “O Iluminado” (1980) de Stanley Kubrick abrirá a maratona na sexta-feira, já as 17:00. Ainda poderão ser conferidos “A Mansão do Inferno” (1980) de Argento, “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio” (1981) e “Uma Noite Alucinante 2” (1987) ambos de Sam Raimi, novamente os filmes de Craven e Cunningham (certeza de sucesso com as sessões no Parque), e as sequências “Sexta-Feira 13 - Parte 2” (1981) e “Sexta-Feira 13 - Parte 3” (1982) de Steve Miner, e “Sexta Feira 13 - Parte 4: O Capítulo Final” (1984) de Joseph Zito.

É importante destacar que as três sequências da franquia “Sexta-Feira 13” e o filme “Uma Noite Alucinante 2” não estão na lista de programação convencional e serão exibidos somente uma vez como complementos especiais da Maratona do Terror, assim como “It: Uma Obra-Prima do Medo” (1990), telefilme originado da série de televisão e inspirado em mais uma das famosas obras fantásticas de Stephen King. Encerra a Maratona um outro eterno clássico do terror: “Brinquedo Assassino” (1988) de Tom Holland. No sábado, os corajosos que enfrentaram a madrugada e ainda conferiram a sessão de “Sexta-Feira 13 - Parte 3”, as 05:45, poderão participar do Café da Manhã Maldito, servido no saguão principal do Cine Humberto Mauro.

A programação completa está disponível no site da Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo link “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”. Lembrando que a entrada é gratuita, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão. O Cine Humberto Mauro está localizado no Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena 1537, centro de Belo Horizonte.

Tão extensa quanto a programação, também está este artigo e, para não perder o costume, o Rotina Cinemeira ainda selecionou e agora indica outros seis grandes filmes que sempre mexeram com o nosso imaginário e que não podem deixar de ser revistos ou vistos pela primeira vez pelo grande público nesta Mostra. Confira nossas recomendações:

Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, Reino Unido | Estados Unidos, 1981)

Direção: John Landis

Dois jovens estudantes universitários, David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne), são amigos que saíram dos Estados Unidos para um passeio turístico pela Europa. Viajando a quase três meses e pedindo carona pelas estradas, eles chegam a uma pequena cidade de uma região rural da Inglaterra. Ao adentrar em um bar, os dois são mal vistos e recebidos de maneira fria e nada hospitaleira pelos habitantes locais. Jack se assusta com o clima hostil e assustador do local e decide, junto com David, seguir a jornada rapidamente.

Ao deixarem o local, os amigos recebem estranhos avisos dos moradores do vilarejo para manterem-se sempre na estrada, afastarem-se dos pântanos e, sobretudo, terem muito cuidado com a Lua. Ignorando o alerta, eles embrenham-se na escuridão e caminham por uma estrada deserta e enevoada, mas logo percebem que estão sendo perseguidos por um lobisomem. O iminente ataque dessa temível criatura desencadeará, sobretudo para David, uma série de situações grotescas e incomuns.

"An American Werewolf in London" (1981) de John Landis - PolyGram Filmed Entertainment [gb] | Lyncanthrope Films

Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, Estados Unidos, 1982)

Direção: Tobe Hooper

Steven e Diane Freeling (Craig T. Nelson e JoBeth Williams) formam um jovem casal californiano e são pais de três filhos. Estranhamente, os dois começam a reparar no comportamento anormal que a pequena Carol Anne (Heather O’Rourke), caçula da família, vem apresentando. Tudo começa quando a menina desce do seu quarto para a sala, se aproximando e interagindo com o aparelho televisor da casa. Carol Anne sente a presença de uma energia descomunal emanada pela TV e, a partir desse momento, estranhas manifestações e eventos paranormais começam a acontecer e culminam com o misterioso desaparecimento da garotinha, supostamente sequestrada por forças malignas.

Tudo isso ocorre pelo fato da casa dos Freeling ter sido construída sobre um antigo cemitério. Supunha-se que os cadáveres teriam sido removidos para outro local, mas, na ocasião, somente as lápides haviam sido retiradas. Agora os fantasmas assombram a vida da família, mantendo Carol Anne presa na televisão e podendo comunicar com os pais somente por voz em um dos canais sem sinal da televisão.  Desesperados, mas com a ajuda de uma equipe de parapsicólogos, Steven e Diane tentarão trazer a filha de volta, mergulhando num mundo desconhecido e enfrentando espíritos furiosos e manifestações demoníacas dentro da própria casa, que ainda esconde terríveis segredos.

"Poltergeist" (1982) de Tobe Hooper - Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | SLM Production Group [us]

Fome de Viver (The Hunger, Reino Unido, 1983)

Direção: Tony Scott

Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) vive em Manhattan e é fascinada por artes renascentistas e berloques do antigo Egito, sendo detentora de muitos exemplares. Além disso, a sedutora dama também coleciona amantes e almas. Miriam é, na verdade, uma elegante vampira que se mantém viva (e bela) há vários séculos se alimentando do sangue de suas conquistas, oferecendo-as em troca a chance de nunca envelhecerem até que todo fluído tenha sido consumido por ela. Entretanto, o seu atual parceiro, o refinado e “imortal” John Blaylock (David Bowie), vem enfrentando problemas com um envelhecimento extremamente precoce e possui uma expectativa de vida de apenas 24 horas.

Desesperado, John procura a ajuda da famosa Doutora Sarah Roberts (Susan Sarandon), médica geriatra especialista em sangue e no papel que ele desempenha em pacientes de prematuro envelhecimento. Inicialmente, Sarah não acredita na história que John lhe conta, mas mostra interesse em manter contato com Miriam. Em vão, a doutora tenta ajudar John que, impaciente e irritado, sabe que o seu tempo está acabando ao envelhecer cada vez mais. A essa altura (e de forma inconsciente), Sarah já está completamente envolvida pela sensual e macabra Miriam, que enxerga na médica a substituta perfeita para um novo e grande amor.

"The Hunger" (1983) de Tony Scott - Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | Peerford Ltd.

A Hora dos Mortos-Vivos (Re-Animator, Estados Unidos, 1985)

Direção: Stuart Gordon

Herbert West (Jeffrey Combs) é um dedicado estudante de uma conceituada faculdade de medicina que descobriu e desenvolveu um reagente capaz de reanimar tecidos mortos. A fim de se envolver em bizarras experiências que podem dar vida também à seres mortos, West junta-se aos seus dois amigos, o colega de quarto Dan Cain (Bruce Abbot) e Megan Halsey (Barbara Crampton), namorada de Dan e filha do reitor da universidade.

Cada vez mais, os três jovens necessitam de “corpos frescos” para dar prosseguimento aos mórbidos experimentos. Entretanto, o professor e doutor Carl Hill (David Gale) tem planos para conseguir os créditos dessa descoberta para ele, mas nessa tentativa acaba encontrando uma situação terrível e sem volta. Ao melhor estilo “Frankenstein”, “A Hora dos Mortos-Vivos” continua sendo a melhor adaptação cinematográfica de uma história de H. P. Lovecraft.

"Re-Animator" (1985) de Stuart Gordon - Empire Pictures [us] | Re-Animator Productions [us]

Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, Estados Unidos, 1987)

Direção: Joel Schumacher

Depois de se mudarem para uma nova cidade, a pacata e pequena Santa Clara, no Estado da Califórnia, os irmãos adolescentes Sam (Corey Haim) e Michael (Jason Patric) começam a ficar convencidos de que alguns locais vêm sendo frequentado por criaturas sobrenaturais. A desconfiança faz sentido, afinal eventos estranhos começam a acontecer misteriosamente. Michael começa a agir de maneira anormal, talvez pelo fato de seus novos amigos também apresentarem hábitos totalmente bizarros e incomuns. Eles são, na verdade, vampiros liderados pelo enigmático David (Kiefer Sutherland) que estão dispostos a aproveitar a vida, curtir a noite e transformar Michael no mais novo membro do grupo.

“Os Garotos Perdidos” obteve pouco destaque e foi lançado nos cinemas sem muito alarde, ganhando o status de “cult” somente anos depois. O longa ganhou a adaptação continuativa para os quadrinhos em 2008. “Reign of Frogs” ainda originou mais dois filmes que integram a “Trilogia Os Garotos Perdidos”: “A Tribo” (2008) de P. J. Pesce e “The Thirst” (2010) de Dario Piana, ambos protagonizados por Corey Feldman.

"The Lost Boys" (1987) de Joel Schumacher - Warner Bros. [us]

Tetsuo: O Homem de Ferro (Tetsuo, Japão, 1989)

Direção: Shin’ya Tsukamoto

Estranho e surreal, “Tetsuo” é um intenso filme de ficção científica arraigado no cyberpunk e no terror que funciona como uma descomprometida crítica a intersecção da humanidade perante a modernidade e o incremento de tecnologias cada vez mais desumanizantes em nossa cotidiana sociedade pós-industrial. Realizado em uma perturbadora fotografia em preto e branco, o filme acentua ainda mais o lado obscuro, alucinatório e paranoico de toda a narrativa.

“Tetsuo” começa com um punk fetichista por metais (Shin’ya Tsukamoto) sendo atropelado, e “possivelmente” morto, por um desventurado condutor (Tomorowo Taguchi) que se põe em fuga. O homem é um simples e assalariado empregado de escritório que, misteriosamente, começa a sofrer de algum tipo de doença que pode estar relacionada com o incidente com o jovem punk que, por sua vez e gravemente ferido, reconstrói o seu corpo mutilado de forma lenta e dolorosa com pedaços de metal, transformando-se em um pedaço de “lata ambulante”, o Robopunk.

"Tetsuo" (1989) de Shin'ya Tsukamoto - Japan Home Video (JHV) [jp] | K2 Spirit [jp] | Kaijyu Theater | SEN [jp]

É ISSO! BONS SUSTOS E BOAS SESSÕES!

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