sexta-feira, 6 de março de 2015

Cine Humberto Mauro exibe a partir desta sexta a Mostra “Cinema Japonês - Parte I” | Rotina em Belo Horizonte

Tem início hoje, no Cine Humberto Mauro em Belo Horizonte, a Mostra “Cinema Japonês – Parte I”. Ao todo serão exibidos, até o dia 26 de março, 19 filmes que darão início à revisão de uma das cinematografias mais belas e inventivas do cinema mundial.

O recorte proposto neste primeiro momento contemplará produções realizadas nas décadas de 50 e 60, época gloriosa e dignificante não só para o cinema como para toda a cultura nipônica. Movidos pelo desejo imediato de reconstrução da identidade de um país devastado por inúmeros conflitos e pelos ataques nucleares da Segunda Guerra Mundial, o povo japonês manteve a sua honra e passou a tratar, em um inédito diálogo com o ocidente, questões tradicionais da sua vida cotidiana de maneira universal.

Através da parceria firmada entre a Fundação Clóvis Salgado, com a Fundação Japão e o Consulado Geral Honorário do Japão em Belo Horizonte, foi possível reunir obras de cineastas consagrados como Akira Kurosawa, Mikio Naruse, Shôei Imamura e Masaki Kobayashi. O que torna o evento ainda mais interessante para o público é que todos as projeções serão em película (16mm e 35mm), formato cada vez mais raro nas salas de cinema do Brasil, infelizmente.

Toshirô Mifune em "Shizukanaru Kettô" (1949) de Akira Kurosawa
Daiei Motion Picture Company [jp] | Daiei Studios [jp] | Film Art Association [jp]

Ainda dentro do programa da Mostra, dois dos cineastas mais importantes deste período serão homenageados com dias especiais destinados a exibição de seus filmes mais emblemáticos. Yasujirô Ozu, cineasta famoso por retratar de forma admirável a ordinária vida cotidiana, terá nos dias 7 e 8 de março cinco de seus mais importantes longas reproduzidos: “Filho Único” (1938), “Pai e Filha” (1949), “Era uma Vez em Tóquio” (1953), “Fim de Verão” (1961) e “A Rotina tem seu Encanto” (1962).

Já nos dias 10 e 11 de março o homenageado é Kenji Mizoguchi, famoso por abordar temáticas universais refletidas pela a tradição oriental nos núcleos familiares e na sociedade japonesa em geral. Foram selecionados para as datas: “A Vida de O’Haru” (1952), “Contos da Lua Vaga” (1953), “A Música de Gion” (1953), “O Intendente Sanshô” (1954), “Os Amantes Crucificados” (1954) e “A Nova Saga do Clã de Taira” (1955).

A programação completa está disponível no site da Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo link "Cinema Japonês - Parte I"

A entrada é gratuita, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão.

O Cine Humberto Mauro está localizado no Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena 1537, centro de Belo Horizonte.

Com base na programação divulgada pela gerência da casa, o Rotina Cinemeira selecionou e agora indica quatro filmes imperdíveis desta Mostra, confira:

De Onde se Avistam as Chaminés (Entotsu no Mieru Basho, Japão, 1953)

Direção: Heinosuke Gosho

Famoso por retratar a pobreza espiritual refletida na classe operária japonesa do pós-guerra, o romancista o Rinzo Shiina tem uma de suas principais obras adaptadas por Heinosuke Gosho. O filme acompanha, com um esperançoso senso de humor humanístico, a vida simples de dois casais que vivem na periferia de Tóquio. Por trás de uma aparente monotonia cotidiana, um complexo universo de sentimentos paradoxais é eclodido, evidenciando os tempos difíceis e amargos enfrentados pelo Japão.

Era uma Vez em Tóquio (Tôkyô Monogatari, Japão, 1953)

Direção: Yasujirô Ozu

Acompanhamos Tomi (Chieko Higashiyama) e Shukichi (Chishu Ryû), um casal de idosos que viaja para Tóquio com o propósito de visitar seus filhos e netos. Ao perceberem que recebem pouca ou nenhuma atenção da impaciente família, os dois são confrontados pela indiferença, pela ingratidão e pelo egoísmo que vem contaminando as grandes cidades. Carregado de realismo, o filme ainda traz uma profunda reflexão sobre a alienação associada ao envelhecimento e uma meditação insuportável e comovente sobre a mortalidade.

"Tôkyô Monogatari" (1953) de Yasujirô Ozu - Shôchiku Eiga [jp]

Portal do Inferno (Jigokumon, Japão, 1953)

Direção: Teinosuke Kinugasa

Em 1159, o General Kiyomori (Koreya Senda), senhor feudal do Japão da Era Heian, sofreu um golpe enquanto se deslocava com a sua corte. Em meio a esta revolta, Moritoo Endô (Kazuo Hasegawa), um dos leais samurais do grupo rebelde, está disposto a enfrentar todos os desafios e os valores impostos pela sociedade japonesa para conquistar Kesa (Machiko Kyô), uma mulher casada.

Contos da Lua Vaga (Ugetsu Monogatari, Japão, 1953)

Direção: Kenji Mizoguchi

No século XVI, durante a Guerra Civil Japonesa, Genjuro (Masayuki Mori) e seu cunhado Tobe (Eitaro Ozawa) viajam com as suas esposas rumo à capital da província onde vivem, nas proximidades do Lago Biwa. Genjuro tem o ofício de oleiro e Tobe o ajuda na comercializando as peças de cerâmica. Com o dinheiro da venda dos utensílios, os dois acabam tomando caminhos diferentes em busca de satisfazer os seus desejos. Tobe compra armas, torna-se um samurai e abandona a mulher. Já Genjuro continua com o seu trabalho, mas acaba se envolvendo com a enigmática Lady Wakasa (Machiko Kyô) quando vai lhe entregar algumas de suas mercadorias.


"Ugetsu Monogatari" (1953) - de Kenji Mizoguchi - Daiei Studios [jp]

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