quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Depois de boa estreia em São Paulo, Mostra de Cinema Permanente Curta Circuito aporta em mais uma Capital Brasileira no mês de agosto | Rotina em Salvador

Idealizado em 2001 pela Associação Curta Minas/ABD-MG com o intuito de valorizar a exibição e disseminação de curtas-metragens nacionais, a Mostra de Cinema Permanente Curta Circuito já possui um grande destaque no cenário cultural de Belo Horizonte há quatorze anos e também realiza, por algum tempo, exibições especiais em cidades do interior do Estado de Minas Gerais. Expandindo cada vez mais as suas fronteiras e após um debute de sucesso em São Paulo no início de agosto, o projeto se prepara para mais uma estreia especial ainda neste mês, desta vez abraçando a capital baiana.

Sucesso absoluto na formação regular de um público consumidor de Cinema Nacional da melhor qualidade, o Curta Circuito conquistou o seu espaço e ganhou notoriedade no decorrer dos anos ampliando o seu caráter e objetivos iniciais, passando a privilegiar também os médias-metragens e, posteriormente, integrar alguns longas em sua vasta e variada programação. Absorvendo e propagando na sua linha curatorial todas as formas de se fazer e de se pensar cinema, o projeto ainda apresenta, além da exibição constante de excelentes filmes, encontros do público com alguns convidados (sejam eles diretores, atores ou críticos de cinema) que através de ciclos de debates ajudam a remodelar ou reconstruir padrões críticos de uma identicidade brasileira através da realização e da produção de obras que promovem uma reflexão que vai além da diversão.

Atualmente, o amplo trabalho da coordenação de Cláudio Constantino e Daniela Fernandes somado aos esforços da curadoria do projeto visam estabelecer, basicamente, o encontro cada vez mais rotineiro (e íntimo) das pessoas com as variadas formas de produção audiovisual brasileiras realizadas ao longo de décadas e décadas na História do Cinema Nacional. Essas atividades também incluem produções extremamente recentes de uma vigorosa e pujante safra e inventiva linha cinematográfica que vem, mesmo que de forma independente, conquistando um número cada vez maior de fãs. Filmes como “Exilados do Vulcão” (2013) de Paula Gaitán; “Periscópio” (2013) de Kiko Goifman; “A História da Eternidade” de Camilo Cavalcante; e “A Vizinhança do Tigre” (2014) de Affonso Uchoa (inclusive, curador do projeto) fizeram parte de uma das Mostras do projeto, denominada “Eixo BR” realizadas em Belo Horizonte em suas últimas edições.

Além desses importantes e recentes lançamentos, uma parceria firmada com a Cinemateca Brasileira nos últimos anos de projeto ainda foi/é responsável por nos brindar com as exibições de eternos clássicos restaurados em belíssimas cópias em película 35mm que, por muitas vezes esquecidos, voltam a reabitar a nossa memória. Na Mostra "Clássicos BR" (que recheia essa primeira edição em Salvador com três grandes produções), obras valorosas como, por exemplo, “O Grande Momento” (1958) de Roberto Santos; “A Rainha Diaba” (1974) de Antonio Carlos da Fontoura; “A Lira do Delírio” (1978) de Walter Lima Jr.; e “Na Estrada da Vida” (1983) de Nelson Pereira dos Santos foram projetadas num curto espaço de dois anos ao longo da Mostra Permanente.

Notadamente imperdíveis, as exibições em Salvador começarão hoje e se estenderão ao longo de todo o fim de semana com sessões às 19:00 na quinta e na sexta-feira e às 18:00 no sábado e no domingo. Os filmes que serão projetados este mês (todos clássicos absolutos!) contemplam as décadas de 70 e de 80 e se correlacionam ao mostrarem o olhar crítico dos cineastas sobre a cultura e a dinâmica social brasileira à época, revelando um cotidiano batalhador e sofrido; o escancaro das realidades marginais; a rebeldia adolescente; e as intranquilidades da vida adulta.

A programação completa está disponível no próprio site do Projeto Curta Circuito (http://www.curtacircuito.com.br/) ou pode ser acessada diretamente pelo link "Curta Circuito em Salvador (BA)".

A Sala Walter da Silveira está localizada na DIMAS (Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural da Bahia), na Rua General Labatut 27, no subsolo da Biblioteca Pública dos Barris, em Salvador.

A ENTRADA É FRANCA!

A sessão que inaugura a Mostra em Salvador esta noite é a do filme “Ladrões de Cinema” (1977) de Fernando Coni Campos, com Antônio Pitanga, Grande Otelo, Jean-Claude Bernardet e Milton Gonçalves no elenco. E agora confira agora as sinopses, dias de exibição e informações sobre os debatedores de cada uma das sessões dessa semana:

Dia 27/08 - Ladrões de Cinema (Ladrões de Cinema, Brasil, 1977)

Direção: Fernando Coni Campos

Durante a celebração do carnaval carioca, uma equipe de cineastas estadunidenses tem os seus equipamentos e materiais de filmagem roubados por um bloco de índios aos quais eles documentavam. Logo após o furto, os ladrões que, na verdade, são moradores da comunidade de Morro do Pavãozinho resolvem eles mesmos fazerem um filme que terá como tema a Inconfidência Mineira.

Após a sessão, haverá um bate-papo com a editora do CinePipocaCult Amanda Aouad, também crítica de cinema e filiada à Abraccine.

"Ladrões de Cinema" (1977) de Fernando Coni Campos - Cinemateca Brasileira [br] | Banco de Conteúdos Culturais

Dia 28/08 - Sessão Topografias do diretor Aloysio Raulino

Inventário da Rapina (Inventário da Rapina, Brasil, 1986)

Baseando-se em textos, relatos e músicas do poeta e ensaísta paulistano Cláudio Willer, o “Inventário da Rapina” registra as impressões dos momentos vividos no Brasil e que podem ser traduzidos ou sentidos em qualquer época. Um drama intimista, patriótico e atemporal.

O Porto de Santos (O Porto de Santos, Brasil, 1978)

Registro documental descritivo e poético do Porto de Santos e de seus trabalhadores (doqueiros, marinheiros e prostitutas) que se encontram afetados ou envolvidos por uma paralisação grevista.

Lacrimosa (Lacrimosa, Brasil, 1970)

Retrato cru e contínuo de São Paulo a partir de uma viagem itinerante e ininterrupta pelas ruas da cidade. Seguindo pela Marginal Tietê e pelas demais vias da maior metrópole brasileira, observamos uma paisagem ser desenhada por grandes edifícios e fábricas, bem como terrenos baldios, favelas e muita miséria. Uma compassiva e lacrimosa visualidade urbana.

O Tigre e a Gazela (O Tigre e a Gazela, Brasil, 1976)

Tudo se mistura: fisionomias, gestos e falas das diversas personagens das ruas vivas de São Paulo. Mendigos, pedintes, foliões e pessoas inquietamente simples relatam os seus anseios e suas loucuras. Os diversos sons e imagens registrados ainda são intercalados e ilustrados com extratos do psiquiatra e pensador franco-martinicano Frantz Fanon.

Após a sessão, haverá um bate-papo com o cineasta e diretor do Instituto de Radiofusão Educativa da Bahia, José Araripe Jr. e com a arquiteta urbanista e artista visual Silvana Olivieri.

"Inventário da Rapina" (1986); "Lacrimosa" (1970); "O Porto de Santos" (1978); "O Tigre e a Gazela" (1976)
Filmes de Aloysio Raulino - Divulgação Forumdoc.bh [br]

Dia 29/08 - Marcelo Zona Sul (Marcelo Zona Sul, Brasil, 1970)

Direção: Xavier de Oliveira

Morador da Zona Sul do Rio de Janeiro, o inquieto jovem Marcelo (Stepan Nercessian) evita a escola e o trabalho e, ao lado de seus amigos, sai pelas ruas em busca de aventuras inconsequentes como forma de fuga, represália e desforra contra uma realidade que o sufoca. O fracasso de sua escapadela e a aparente rebeldia sem causa podem ser deflagradas pelo seu bom coração e pela vontade de nunca querer, de fato, ter deixado a tranquilidade e as mordomias da sua vida de classe média.

Os conflitos da rebeldia latente da adolescência com a inocente pureza preservada da infância revelam as contradições das gerações mais novas que sempre serão a grande esperança de um aperfeiçoado mundo adulto no futuro.

Após a sessão, haverá um bate-papo com o pesquisador de cinema Rafael Carvalho, crítico filiado a Abraccine.

"Marcelo Zona Sul" (1970) de Xavier de Oliveira - Ipanema Filmes [br] | Lestepe Produções Cinematográficas [br]

Dia 30/08 - Wilsinho Galiléia (Wilsinho Galiléia, Brasil, 1978)

Direção: João Batista de Andrade

Mesclando depoimentos fictícios e reais, o banditismo arrojado ou o heroísmo lacônico acabam se confundindo no documento visual que reconstrói a curta e trágica vida de Wilsinho, um jovem transformado em contraventor perigoso desde os seus quatorze anos de idade. Autor de inúmeros crimes e diversas vezes preso, Wilsinho acabou sendo fuzilado pela polícia na casa de sua namorada, Geni.

Proibido pela ditadura de ser lançado comercialmente nos cinemas, o documentário biográfico foi produzido em formato 16mm sob encomenda da Rede Globo de Televisão e exibido no programa “Globo Repórter”.

Após a sessão, haverá um bate-papo com o cineasta Geraldo Moraes.

"Wilsinho Galiléia" (1978) de João Batista de Andrade - Cinemateca Brasileira [br] | Banco de Conteúdos Culturais

AO CURTA CIRCUITO, SUCESSO SEMPRE! AOS SOTEROLPOLITANOS, BOAS SESSÕES!

Nenhum comentário:

Postar um comentário