sexta-feira, 1 de maio de 2015

Cine Humberto Mauro exibe a partir desta sexta a Mostra “Clássicos Franceses Restaurados” | Rotina em Belo Horizonte

Tem início hoje, no Cine Humberto Mauro em Belo Horizonte, a Mostra “Clássicos Franceses Restaurados”. Ao todo serão exibidos, até o dia 14 de maio, 15 filmes que farão um pequeno recorte da elegante cinematografia francesa, perpassando por várias décadas em que a sempre abastada produção de filmes no país foi responsável por alavancar inúmeros movimentos culturais que influenciaram outras diversas escolas do cinema mundial.

Através da parceria firmada entre a Fundação Clóvis Salgado, com a Embaixada da França e o Instituto Francês em Belo Horizonte, foi possível reunir obras de cineastas consagrados como Georges Franju, Jacques Demy, Jacques Tati, Julien Duvivier, Max Ophüls, dentre outros. O que torna o evento ainda mais charmoso para o público é que todos as projeções serão exibidas em belas cópias restauradas no formato DCP, com altíssima definição.

Esta é uma excelente e rara oportunidade para conferir, por exemplo, o curta-metragem “Viagem à Lua” (1902) de Geoges Méliès, que integra a programação da Mostra. Clássico absoluto do cinema mudo, o filme mostra com uma sensibilidade magnífica a emocionante aventura de cinco astrônomos que partem em uma expedição para Lua e lá encontram exóticos e hostis selenitas.

Inspirado pelas narrativas imagéticas de Júlio Verne e mais de meio século antes do início da corrida espacial, Méliès deixa todo o seu legado inventivo exprimido na famosa sequência em que uma nave espacial em forma de bala de canhão atinge o olho direito da Lua. Nas sessões em que o “Viagem à Lua” for exibido, será projetado na sequência o não menos venerado “Zero de Conduta” (1933) média-metragem de Jean Vigo.

"Le Voyage dans la Lune" (1902) de Georges Méliès - Star-Film [fr]

Ainda dentro da programação, a “História Permanente do Cinema” (mostra contínua do Cine Humberto Mauro que exibe, sempre às 17:00 de todas as quintas-feiras, sessões comentadas de clássicos absolutos da história do cinema) terá programação especial, pois irá dialogar com a presente Mostra apresentando mais dois grandes filmes do argucioso Cinema Francês. No dia 7 de maio será exibido “O Último Metrô” (1980) de François Truffaut, já na semana seguinte, no dia 14, o público poderá conferir “A Besta Humana” (1938) do diretor Jean Renoir.

A programação completa está disponível no site da Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo link "Clássicos Franceses Restaurados"

A entrada é gratuita, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão. O Cine Humberto Mauro está localizado no Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena 1537, centro de Belo Horizonte.

Com base na programação divulgada pela gerência da casa, o Rotina Cinemeira selecionou e agora indica quatro filmes imperdíveis da Mostra “Clássicos Franceses Restaurados”, confira:

A Grande Ilusão (La Grande Illusion, França, 1937)

Direção: Jean Renoir

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Capitão Boeldieu (Pierre Fresnay) e o Tenente Maréchal (Jean Gabin) são capturados por tropas alemãs logo após o avião em que estavam ser abatido pelas forças inimigas. Os dois oficiais franceses são enviados para um campo de prisioneiros de guerra e lá conhecem companheiros de diversas outras origens. Entre eles está o Tenente Rosenthal (Marcel Dalio), filho de uma família de ricos banqueiros judeus que, ironicamente, havia adquirido um castelo que pertencera à família de Boeldieu, que fazia parte da aristocracia francesa antes do conflito. Encarcerados, os três acabam engatando uma amizade.

Às vésperas de concluírem um túnel que lhes proporcionaria a liberdade e depois de algumas tentativas frustradas de fuga, os amigos são deslocados para uma Fortaleza. Comandado pelo Capitão Rauffenstein (Erich von Stroheim), o novo local de confinamento do grupo era aparentemente impenetrável e escapar de lá parecia, teoricamente, impossível. O oficial alemão se mostra simpático a Boeldieu, justamente por possuir origem nobre, enquanto isso, Maréchal e Rosenthal continuam com a ideia fixa de escapar e chegam à conclusão de que, para obterem êxito, era preciso que alguém os atraísse para um determinado local da Fortaleza.

"La Grande Illusion" (1937) de Jean Renoir - Réalisation d'Art Cinématographique (RAC) [fr] 

O Boulevard do Crime (Les Enfants du Paradis, França, 1945)

Direção: Marcel Carné

Em 1828, o Boulevar du Temple era destacado como o local onde pulsava a vida boêmia de Paris. Podíamos encontrar por lá os melhores teatros, cabarés e bares da capital francesa e no meio dessa multidão deparava-se com atores, dançarinos e malabaristas. É neste cenário que começou a frustrada história de amor entre a atriz Garance (Arletty) e o mímico Baptiste Debureau (Jean-Louis Barrault). Apaixonado, ele não conseguia se declarar, pois o espírito de liberdade da mulher o intimidava.

Nesse meio tempo, a filha do diretor do teatro, Nathalie (María Casares), nutria um amor secreto pelo mímico, e o jovem ator Frédérick Lemaître (Pierre Brasseur) engatou um relacionamento com Garance, que também amava Baptiste em segredo. Eleito em 1997 como o maior filme francês do século XX, esse tumultuado círculo amoroso é um dos maiores exemplares do gênero que ficou conhecido como realismo poético.

"Les Enfants du Paradis" (1945) de Marcel Carné - Société Nouvelle Pathé Cinéma [fr]

Pickpocket - O Batedor de Carteiras (Pickpocket, França, 1959)

Direção: Robert Bresson

Michel (Martin LaSalle) começa a roubar carteiras, mais pelo prazer e pela diversão do que por necessidade. Entretanto, o hábito acaba tornando-se uma compulsão e, ao ser preso em uma de suas primeiras tentativas de furto, ele passa a refletir sobre os delitos que cometeu. O rapaz acaba percebendo o tremendo choque que causou em sua mãe, família e amigos, provocando mágoas e decepções. Ainda assim, quando é solto, ele volta ao mundo crime ao conhecer um ladrão veterano.

Na sua incessante busca por novas vítimas, Michel acaba desenvolvendo técnicas de furto cada vez mais apuradas e acaba se envolvendo em transgressões cada vez mais arriscadas. A sua consciência volta a pesar novamente, dessa vez provocado por um drama familiar e pelo fato de ter se apaixonado por Jeanne (Marika Green) em sua segunda passagem pela prisão. Inspirado no romance “Crime e Castigo” de Fiódor Dostoiévski, o filme busca exprimir o pesadelo de um jovem que busca a redenção ao tentar vencer a sua fraqueza de ter embarcado em uma perigosa aventura para a qual não estava preparado.

"Pickpocket" (1959) de Robert Bresson - Compagnie Cinématographique de France [fr]

O Demônio das Onze Horas (Pierrot le Fou, França, 1965)

Direção: Jean-Luc Godard

Ferdinand Griffon (Jean-Paul Belmondo) é ‘Pierrot’, um professor de espanhol que está em um conturbado casamento com uma italiana. Entediado de sua maçante vida na alta sociedade francesa, ele decide escapar em uma viagem rumo ao sul do país, de Paris até o Mar Mediterrâneo, na companhia de Marianne Renoir (Anna Karina), uma garota perseguida por assassinos argelinos extremistas.

Um cadáver encontrado em um apartamento e a revelação de uma sinistra história sobre os terroristas é o mote para que eles iniciem a fuga. Nessa incomum peregrinação, o novo casal acaba levando uma vida pouco ortodoxa deixando um rastro de roubos por onde passam. Loucuras que poderão levar a um final trágico e surpreendente.

"Pierrot le Fou" (1965) de Jean-Luc Godard
Films Georges de Beauregard [fr] | Rome Paris Films [fr] | Société Nouvelle de Cinématographie (SNC) [fr]

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