Aproveitando o período de férias escolares e proporcionando
um ambiente que associa lazer, educação e cultura ao oferecer uma programação diversificada
que envolve peças teatrais e oficinas para crianças, o Programa Educativo do
Sesc Palladium também traz para a capital mineira, em mais uma edição do Projeto “De Férias!”, uma Mostra Especial
de Cinema com nove longas-metragens do premiadíssimo animador e diretor japonês
Hayao Miyazaki. A exibição dos filmes começará a partir de amanhã, dia 21, e vai
até o dia 31 de julho, na Sala Professor José Tavares de Barros.
Hayao Miyazaki é um dos maiores nomes do cinema de
animação do Japão ao lado de Isao Takahata, diretor do clássico “Túmulo dos Vagalumes” (1988) e do
recente e aclamado sucesso “O Conto da
Princesa Kaguya” (2013). Juntos, os dois foram os grandes responsáveis pela
fundação do renomado Studio Ghibli, que presenteia, há quase 30 anos, os fãs de
cinema e de desenhos animados com obras extraordinariamente sensíveis e de uma
beleza visual ao mesmo tempo sutil e impactante.
Trabalhando desde muito jovem como animador, Miyazaki
ingressou em 1963, com apenas 22 anos, como intervalador (responsável por
desenhar as partes que unem todos os frames principais de uma animação) dos
Estúdios Toei Douga mas, já com essa idade, chamava a atenção por sua
inventividade, pelo interminável fluxo ideias na concepção de roteiros para
bons filmes e, claro, pela sua incrível capacidade técnica e habilidade quando
estava com um lápis e um papel na mão. Posteriormente, foi envolvido em muitos
clássicos da animação japonesa e, ao longo de quase dez anos, teve o seu nome
creditado em vários curtas-metragens e episódios de alguns dos seriados mais
famosos do país no período.
![]() |
"Tonari no Totoro" (1988) de Hayao Miyazaki - Tokuma Japan Communications [jp] | Studio Ghibli [jp] | Nibariki [jp] |
O primeiro trabalho de expressão de Hayao Miyazaki foi
como animador chave e designer de cenários em “Horus: O Príncipe do Sol” (1968), dirigido pelo amigo Takahata.
Com a saída de ambos da Toei, em 1971, e com passagens por estúdios como a
Nippon Animation e a TMS Entertainment, houve a possibilidade de que voos mais
altos fossem alçados pelos dois colegas. Miyazaki teve a oportunidade de
dirigir de forma efetiva a sua primeira série animada para a televisão
japonesa, “Conan - O Rapaz do Futuro”
em 1978 e, um ano mais tarde, estreou o seu primeiro longa para o cinema, “O Castelo de Cagliostro” (1979).
Paralelamente, o desenhista mantinha um projeto interessantíssimo, a saga em
mangá (os populares quadrinhos japoneses) “Nausicaä”,
que também se transformou em filme e foi lançado como “Nausicaä do Vale do Vento” (1984), sucesso que alavancou a criação
da Ghibli.
Os primeiros filmes de Miyazaki na fase de seu
recém-criado estúdio, “O Castelo no Céu”
de 1986, e “Meu Vizinho Totoro”
(imagem acima) de 1988, que pode ser entendido, de certa forma, como uma
pequena homenagem do diretor à sua mãe (com quem tinha ligações afetivas muito
fortes) e à sua infância sonhadora, já foram responsáveis por arrebanhar, ao
redor do mundo, um grande número de fãs e admiradores de artes tão singulares
como os desenhos e as animações japonesas.
Entretanto, o filme que lhe deu projeção internacional e
reconhecimento de crítica foi o sombrio “Princesa
Mononoke” (1997), onde Miyazaki abordou, de forma severa e vanguardista,
assuntos delicados como a guerra e a ecologia. No longa, acompanhamos as destemidas
ações do nobre guerreiro Príncipe Ashitaka, atacado pelo demônio Tatari Gami,
que o amaldiçoa. Em busca da cura e tentando compreender o mal que lhe aflige,
ele parte em uma jornada rumo às terras de um outro clã, e acaba se deparando
com uma violenta luta entre seres humanos membros de uma colônia de mineração e
deuses florestais. No seu caminho, ele também encontrará San, a Princesa
Mononoke, garota criada por lobos e que luta ao lado dos deuses por nutrir um
ódio pela humanidade.
Em 1998, “Princesa
Mononoke” venceu a categoria principal como Melhor Filme do Japan Academy
Prize Film Award (equivalente japonês do Oscar) e foi, por algum tempo, a maior
bilheteria cinematográfica da história do Japão à época de seu lançamento (com
cerca de 150 milhões de dólares arrecadados), sendo superada apenas com a
estreia, no mesmo ano, de “Titanic”
(1997) de James Cameron. Tamanho sucesso fez com que Miyazaki anunciasse a sua
aposentadoria precoce, temendo cansaço, exaustão e uma consequente queda da
qualidade de suas obras, visto que o aumento do ritmo de trabalho e as cobranças
de um mercado consumidor (agora global) seriam cada vez maiores.
![]() |
"Mononoke-hime" (1997) de Hayao Miyazaki - DENTSU Music and Entertainment [jp] | Nibariki [jp] | Studio Ghibli [jp] Nippon Television Network (NTV) [jp] | TNDG [jp] | Tokuma Shoten [jp] |
Profissional apaixonado e incapaz de aposentar definitivamente,
Miyazaki continuou a trabalhar com animação discretamente e o hiato na carreira
como diretor durou apenas quatro anos. Ele voltou de forma encantadora e
triunfal em 2001 para nos contar sobre “A
Viagem de Chihiro”, história de uma garotinha de dez anos, mimada e
voluntariosa, que se sente profundamente infeliz ao ser obrigada a abandonar os
amigos e a escola que tanto gostava quando os pais lhe dizem que estão prestes
a se mudar para uma cidade do interior. Durante a viagem, a família se perde e
vai parar em um outro mundo, habitado por deuses, espíritos e criaturas
fantásticas que transformam os seres humanos em animais. Chihiro viverá uma
grande aventura, onde deverá superar seus medos e amadurecer para conseguir
salvar os seus pais e voltar a viver em seu mundo.
“A Viagem de Chihiro” acabou sendo reconhecido e premiado com
um Oscar na categoria de Melhor Filme de Animação em 2003 e, desde então, mesmo
com a idade avançada e com alguns problemas de saúde, Miyazaki voltou para a
dura rotina de produção de filmes e, até 2013, lançou mais oito
curtas-metragens e três outros belíssimos longas: “O Castelo Animado” (2004), baseado em um conto infanto-juvenil
ocidental da escritora britânica Diana Wynne Jones; o encantador “Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar”
(2008); e o poético, histórico e maravilhoso “Vidas ao Vento” (2013). Após o lançamento deste último, o diretor
anunciou uma nova aposentadoria, dizendo que seu trabalho “demandava muito tempo
e energia”, coisas que, infelizmente e humildemente, ele alegou não possuir
mais.
Apesar de mais um triste anúncio, já foi confirmada, no
início deste mês, a primeira incursão do diretor em um trabalho utilizando a
tecnologia 3D e a computação gráfica. O próximo filme de Miyazaki será um
curta-metragem, feito especialmente para o Museu Ghibli, em Tóquio, e não
entrará em circuito comercial. O curta contará a história de uma curiosa
lagarta peluda e a certeza é de que será mais um grande sucesso, afinal a alta
qualidade das animações e as notórias parcelas de entretenimento de filmes,
recheados com personagens cativantes e histórias de tirar o fôlego, fazem do
diretor um mestre do cinema de animação e um incrível contador de histórias que
sempre encantará tanto adultos quanto crianças.
Assim como os espetáculos e as oficinas, as sessões de
cinema com os filmes de Miyazaki serão gratuitas e especiais para famílias e
para o público escolar sendo que, para esse último, se faz necessário um
agendamento prévio pelo e-mail educativopalladium@sescmg.com.br ou pelo telefone (31) 3214-5376. Com
retirada dos ingressos na bilheteria do Sesc duas horas antes do início de cada
filme, a Mostra também será aberta ao público espontâneo, caso não seja
atingida a lotação do espaço. A Sala Professor José Tavares de Barros está
localizada no Sesc Palladium, na Avenida Augusto de Lima 420, centro de Belo
Horizonte. Observação: a casa não
funciona às segundas-feiras.
Com a lembrança de que serão projetados todos os
longas-metragens que Hayao Miyazaki dirigiu e produziu durante a fase Ghibli (e
somente eles), confira agora a lista dos títulos, datas e respectivos horários
exibição:
- O Castelo no Céu (Tenkû no Shiro Rapyuta, Japão, 1986)
Dia 23, às 19:30 | Dia 26, às 19:30
- Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro, Japão, 1988)
Dia 22, às 19:30 | Dia 30, às 19:30
- O Serviço de Entregas
da Kiki (Majo no Takkyûbin, Japão,
1989)
Dia 25, às 17:30 | Dia 30, às 17:30
- Porco Rosso: O Último
Herói Romântico (Kurenai no Buta,
Japão, 1992)
Dia 24, às 17:30 | Dia 29, às 17:30
- Princesa Mononoke (Mononoke-hime, Japão, 1997)
Dia 26, às 17:00 | Dia 28, às 17:30
- A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi, Japão,
2001)
Dia 21, às 17:30 | Dia 25, às 19:30
- O Castelo Animado (Hauru no Ugoku Shiro, Japão, 2004)
Dia 23, às 17:30 | Dia 29, às 19:30
- Ponyo: Uma Amizade que
Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo,
Japão, 2008)
Dia 22, às 17:30 | Dia 31, às 17:30
- Vidas ao Vento (Kaze Tachinu, Japão, 2013)
Dia 24, às 19:30 | Dia 31, às 19:30
BOAS SESSÕES E BOM DIVERTIMENTO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário