Com uma programação assustadoramente especial montada para
o período de férias escolares, o Cine Humberto Mauro começa a exibir a partir
de hoje a Mostra “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”. Ao todo serão projetados, até o dia 29 de julho, 37 filmes
em formato digital que prometem amedrontar o público de Belo Horizonte com
sessões nostálgicas dos eternos clássicos de horror e de terror da época mais
produtiva para o gênero, não só nos Estados Unidos como em todo o mundo. O
evento ainda conta com atividades e exibições especiais e já são garantia de
sucesso no cenário cultural da capital.
A Mostra dará continuidade a uma pesquisa proposta pela
curadoria e pela Gerência de Cinema do Humberto Mauro que busca revisar tais
produções de forma categórica ao longo dos anos e que teve início em fevereiro,
com a Mostra “O Fascínio do Medo: Terror Anos 70” (link para o artigo sobre essa Mostra AQUI). Os filmes produzidos na década anterior são
referências cinematográficas de um tempo em que a indústria passava por uma de
suas mais importantes transformações, contribuindo efetivamente para a
afirmação do terror como cinema de gênero com obras inventivas e autorais. Com
o horror e o terror já consolidados e com seu alto grau de popularidade, os
anos 80 marcaram uma época de amplas e diversificadas produções, que ainda foram
capazes de eternizar ícones dos chamados “slasher
movies”, como Chucky, Freddy Krueger e Jason Voorhees.
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"A Nightmare on Elm Street" (1984) de Wes Craven New Line Cinema [us] | Media Home Entertainment [us] | Smart Egg Pictures [gb] | The Elm Street Venture [us] |
Assim como a Mostra dos anos 70, o programa desta também
é variado, perpassando por megaproduções aclamadas como “Aliens - O Resgate” (1986) de James Cameron, e por filmes da cena
independente que, como uma avalanche na década de 80, contribuíram muito para a
o já citado movimento firmação do gênero; esse é o caso de “Cujo” (1983) de Lewis Teague. Ainda veremos grandes obras como “Creepshow: Show de Horrores” (1982) e “Instinto Fatal” (1988) de um veterano e
já maduro George A. Romero, referência mundial para os filmes de terror. Já Dario
Argento, mestre do cinema de horror italiano e diretor do clássico “Suspiria” (1977), também estará
presente na programação com mais dois filmes: “A Mansão do Inferno” (1980) e “Tenebre”
(1982).
Neste primeiro fim de semana da Mostra, haverão dias
especiais destinados a exibição dos filmes mais emblemáticos de dois dos
principais cineastas do período: no sábado, dia 4 a programação é dedicada ao
nova iorquino John Carpenter, um dos mestres do cinema de horror moderno que
solidificou a sua carreira ainda muito jovem imprimindo desde seus primeiros
filmes uma forte tendência autoral marcada, sobretudo, pelo uso preciso da
trilha sonora e dos movimentos de câmera. Apesar das dificuldades financeiras e
de mercado que eram impostas ao gênero ainda no início da década de 60, o
diretor sempre se preocupava com a estética e o primor técnico em seus
trabalhos. Serão reproduzidos nesta ordem: “Christine,
o Carro Assassino” (1983), “A Bruma
Assassina” (1980), “O Enigma de Outro
Mundo” (1982) e “Príncipe das Sombras”
(1987).
Já no domingo, dia 5 de julho, o homenageado é o
virulento diretor canadense David Cronenberg, famoso por seu notório interesse
tanto nas mudanças quanto nas apropriações sofridas pelo corpo ao se submeter a
descomunais procedimentos físicos ou mentais que, invariavelmente, podem se
configurar como severas críticas às sociedades de espetáculo e à debilidade
espiritual que acomete os seres humanos. Foram selecionados para a data: “Scanners - Sua Mente pode Destruir” (1981),
“Videodrome: A Síndrome do Vídeo” (1983),
“A Mosca” (1986) e “Gêmeos - Mórbida Semelhança” (1988).
Como complemento, é interessante assistir ao vídeo a
seguir. Trata-se de um interessante debate realizado no ano de 1982 e que teve
como tema “O Medo nos Filmes”.
Mediada por Mick Garis, a conversa contou com a participação de Carpenter,
Cronenberg e John Landis (que também possui um filme inserido na programação da
Mostra “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”):
Ainda dentro do cronograma e em concomitância com a
programação do I Inverno das Artes, que
tem a proposta de fomentar a cultura no mês de julho em Belo Horizonte,
combinando shows, debates e oficinas de artes visuais, a Gerência de Cinema vem
com a proposta da exibição especial de dois filmes ao ar livre no Parque
Municipal Américo Renné Giannetti. No dia 17 de junho, a partir das 21:00, o
público poderá conferir, pela primeira vez na Mostra, a projeção de “A Hora do Pesadelo” (1984) de Wes
Craven e “Sexta-Feira 13” (1980) de
Sean S. Cunningham. A entrada será feita pelos jardins do Palácio das Artes,
com distribuição de ingressos e pulseiras no dia anterior às sessões. A lotação
estipulada pelos organizadores é de 500 espectadores.
“A Hora do Pesadelo” e “Sexta-Feira
13” ainda integrarão a Maratona do
Terror que exibirá, entre os dias 24 e 25 de julho, os maiores clássicos do
período e também algumas sequências de sucesso de forma ininterrupta. Referência
absoluta do cinema de horror e um dos filmes responsáveis por inaugurar essa
primorosa década para o gênero, “O
Iluminado” (1980) de Stanley Kubrick abrirá a maratona na sexta-feira, já
as 17:00. Ainda poderão ser conferidos “A
Mansão do Inferno” (1980) de Argento, “Uma
Noite Alucinante: A Morte do Demônio” (1981) e “Uma Noite Alucinante 2” (1987) ambos de Sam Raimi, novamente os
filmes de Craven e Cunningham (certeza de sucesso com as sessões no Parque), e
as sequências “Sexta-Feira 13 - Parte 2”
(1981) e “Sexta-Feira 13 - Parte 3”
(1982) de Steve Miner, e “Sexta Feira 13
- Parte 4: O Capítulo Final” (1984) de Joseph Zito.
É importante destacar que as três sequências da franquia “Sexta-Feira 13” e o filme “Uma Noite Alucinante 2” não estão na
lista de programação convencional e serão exibidos somente uma vez como complementos
especiais da Maratona do Terror,
assim como “It: Uma Obra-Prima do Medo”
(1990), telefilme originado da série de televisão e inspirado em mais uma das
famosas obras fantásticas de Stephen King. Encerra a Maratona um outro eterno
clássico do terror: “Brinquedo Assassino”
(1988) de Tom Holland. No sábado, os corajosos que enfrentaram a madrugada e
ainda conferiram a sessão de “Sexta-Feira
13 - Parte 3”, as 05:45, poderão participar do Café da Manhã Maldito, servido no saguão principal do Cine Humberto
Mauro.
A programação completa está disponível no site da
Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo
link “Anatomia do Medo: Terror Anos 80”. Lembrando que a entrada é gratuita, mas é necessário
retirar os ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão. O
Cine Humberto Mauro está localizado no Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena
1537, centro de Belo Horizonte.
Tão extensa quanto a programação, também está este artigo
e, para não perder o costume, o Rotina Cinemeira ainda selecionou e
agora indica outros seis grandes filmes que sempre mexeram com o nosso
imaginário e que não podem deixar de ser revistos ou vistos pela primeira vez
pelo grande público nesta Mostra. Confira nossas recomendações:
Um Lobisomem Americano
em Londres (An American Werewolf in
London, Reino Unido | Estados Unidos, 1981)
Direção: John Landis
Dois jovens estudantes universitários, David Kessler
(David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne), são amigos que saíram dos
Estados Unidos para um passeio turístico pela Europa. Viajando a quase três
meses e pedindo carona pelas estradas, eles chegam a uma pequena cidade de uma
região rural da Inglaterra. Ao adentrar em um bar, os dois são mal vistos e
recebidos de maneira fria e nada hospitaleira pelos habitantes locais. Jack se
assusta com o clima hostil e assustador do local e decide, junto com David,
seguir a jornada rapidamente.
Ao deixarem o local, os amigos recebem estranhos avisos
dos moradores do vilarejo para manterem-se sempre na estrada, afastarem-se dos
pântanos e, sobretudo, terem muito cuidado com a Lua. Ignorando o alerta, eles
embrenham-se na escuridão e caminham por uma estrada deserta e enevoada, mas
logo percebem que estão sendo perseguidos por um lobisomem. O iminente ataque
dessa temível criatura desencadeará, sobretudo para David, uma série de
situações grotescas e incomuns.
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"An American Werewolf in London" (1981) de John Landis - PolyGram Filmed Entertainment [gb] | Lyncanthrope Films |
Poltergeist: O Fenômeno
(Poltergeist, Estados Unidos, 1982)
Direção: Tobe Hooper
Steven e Diane Freeling (Craig T. Nelson e JoBeth
Williams) formam um jovem casal californiano e são pais de três filhos.
Estranhamente, os dois começam a reparar no comportamento anormal que a pequena
Carol Anne (Heather O’Rourke), caçula da família, vem apresentando. Tudo começa
quando a menina desce do seu quarto para a sala, se aproximando e interagindo
com o aparelho televisor da casa. Carol Anne sente a presença de uma energia
descomunal emanada pela TV e, a partir desse momento, estranhas manifestações e
eventos paranormais começam a acontecer e culminam com o misterioso
desaparecimento da garotinha, supostamente sequestrada por forças malignas.
Tudo isso ocorre pelo fato da casa dos Freeling ter sido
construída sobre um antigo cemitério. Supunha-se que os cadáveres teriam sido
removidos para outro local, mas, na ocasião, somente as lápides haviam sido
retiradas. Agora os fantasmas assombram a vida da família, mantendo Carol Anne
presa na televisão e podendo comunicar com os pais somente por voz em um dos
canais sem sinal da televisão.
Desesperados, mas com a ajuda de uma equipe de parapsicólogos, Steven e
Diane tentarão trazer a filha de volta, mergulhando num mundo desconhecido e
enfrentando espíritos furiosos e manifestações demoníacas dentro da própria
casa, que ainda esconde terríveis segredos.
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"Poltergeist" (1982) de Tobe Hooper - Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | SLM Production Group [us] |
Fome de Viver (The Hunger, Reino Unido, 1983)
Direção: Tony Scott
Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) vive em Manhattan e é
fascinada por artes renascentistas e berloques do antigo Egito, sendo detentora
de muitos exemplares. Além disso, a sedutora dama também coleciona amantes e
almas. Miriam é, na verdade, uma elegante vampira que se mantém viva (e bela)
há vários séculos se alimentando do sangue de suas conquistas, oferecendo-as em
troca a chance de nunca envelhecerem até que todo fluído tenha sido consumido
por ela. Entretanto, o seu atual parceiro, o refinado e “imortal” John Blaylock
(David Bowie), vem enfrentando problemas com um envelhecimento extremamente
precoce e possui uma expectativa de vida de apenas 24 horas.
Desesperado, John procura a ajuda da famosa Doutora Sarah
Roberts (Susan Sarandon), médica geriatra especialista em sangue e no papel que
ele desempenha em pacientes de prematuro envelhecimento. Inicialmente, Sarah
não acredita na história que John lhe conta, mas mostra interesse em manter
contato com Miriam. Em vão, a doutora tenta ajudar John que, impaciente e
irritado, sabe que o seu tempo está acabando ao envelhecer cada vez mais. A
essa altura (e de forma inconsciente), Sarah já está completamente envolvida
pela sensual e macabra Miriam, que enxerga na médica a substituta perfeita para
um novo e grande amor.
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"The Hunger" (1983) de Tony Scott - Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | Peerford Ltd. |
A Hora dos Mortos-Vivos
(Re-Animator, Estados Unidos, 1985)
Direção: Stuart Gordon
Herbert West (Jeffrey Combs) é um dedicado estudante de
uma conceituada faculdade de medicina que descobriu e desenvolveu um reagente
capaz de reanimar tecidos mortos. A fim de se envolver em bizarras experiências
que podem dar vida também à seres mortos, West junta-se aos seus dois amigos, o
colega de quarto Dan Cain (Bruce Abbot) e Megan Halsey (Barbara Crampton),
namorada de Dan e filha do reitor da universidade.
Cada vez mais, os três jovens necessitam de “corpos
frescos” para dar prosseguimento aos mórbidos experimentos. Entretanto, o
professor e doutor Carl Hill (David Gale) tem planos para conseguir os créditos
dessa descoberta para ele, mas nessa tentativa acaba encontrando uma situação
terrível e sem volta. Ao melhor estilo “Frankenstein”,
“A Hora dos Mortos-Vivos” continua
sendo a melhor adaptação cinematográfica de uma história de H. P. Lovecraft.
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"Re-Animator" (1985) de Stuart Gordon - Empire Pictures [us] | Re-Animator Productions [us] |
Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, Estados Unidos, 1987)
Direção: Joel Schumacher
Depois de se mudarem para uma nova cidade, a pacata e
pequena Santa Clara, no Estado da Califórnia, os irmãos adolescentes Sam (Corey
Haim) e Michael (Jason Patric) começam a ficar convencidos de que alguns locais
vêm sendo frequentado por criaturas sobrenaturais. A desconfiança faz sentido,
afinal eventos estranhos começam a acontecer misteriosamente. Michael começa a
agir de maneira anormal, talvez pelo fato de seus novos amigos também
apresentarem hábitos totalmente bizarros e incomuns. Eles são, na verdade,
vampiros liderados pelo enigmático David (Kiefer Sutherland) que estão
dispostos a aproveitar a vida, curtir a noite e transformar Michael no mais
novo membro do grupo.
“Os Garotos Perdidos” obteve pouco destaque e foi lançado
nos cinemas sem muito alarde, ganhando o status de “cult” somente anos depois.
O longa ganhou a adaptação continuativa para os quadrinhos em 2008. “Reign of Frogs” ainda originou mais
dois filmes que integram a “Trilogia Os
Garotos Perdidos”: “A Tribo”
(2008) de P. J. Pesce e “The Thirst”
(2010) de Dario Piana, ambos protagonizados por Corey Feldman.
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"The Lost Boys" (1987) de Joel Schumacher - Warner Bros. [us] |
Tetsuo: O Homem de Ferro
(Tetsuo, Japão, 1989)
Direção: Shin’ya
Tsukamoto
Estranho e surreal, “Tetsuo”
é um intenso filme de ficção científica arraigado no cyberpunk e no terror que
funciona como uma descomprometida crítica a intersecção da humanidade perante a
modernidade e o incremento de tecnologias cada vez mais desumanizantes em nossa
cotidiana sociedade pós-industrial. Realizado em uma perturbadora fotografia em
preto e branco, o filme acentua ainda mais o lado obscuro, alucinatório e
paranoico de toda a narrativa.
“Tetsuo” começa com um punk fetichista por
metais (Shin’ya Tsukamoto) sendo atropelado, e “possivelmente” morto, por um
desventurado condutor (Tomorowo Taguchi) que se põe em fuga. O homem é um
simples e assalariado empregado de escritório que, misteriosamente, começa a
sofrer de algum tipo de doença que pode estar relacionada com o incidente com o
jovem punk que, por sua vez e gravemente ferido, reconstrói o seu corpo
mutilado de forma lenta e dolorosa com pedaços de metal, transformando-se em um
pedaço de “lata ambulante”, o Robopunk.
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"Tetsuo" (1989) de Shin'ya Tsukamoto - Japan Home Video (JHV) [jp] | K2 Spirit [jp] | Kaijyu Theater | SEN [jp] |
É ISSO! BONS SUSTOS E BOAS SESSÕES!
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