No incessante esforço de levar os novos filmes realizados
no Brasil para um maior e mais diversificado número de pessoas, a exibição do documentário
“Mais do que eu possa me Reconhecer”
(2015), do diretor carioca Allan Ribeiro, dará sequência à programação do Projeto “Cinema em Transe”. O longa produzido
pela Acalante Filmes pode ser conferido hoje,
às 20:00, na Sala Professor José Tavares de Barros do Sesc Palladium, no centro
de Belo Horizonte.
Repleta de recentes e grandiosas produções, a cinematografia
brasileira alcança um patamar de aceitação de público e crítica cada vez mais
respeitável. Na cena documental o país já era onipresente, sendo um dos principais
representantes do gênero no mundo e tendo nos nomes de Eduardo Coutinho, João
Moreira Salles e Vladimir Carvalho os seus maiores expoentes. Nome estimado no
cenário vanguardista do cinema autoral, Allan Ribeiro mantém a tradição
documentarista do país ao lançar em seu novo trabalho um olhar raro e invulgar sobre
o professor e artista plástico Darel Valença Lins.
Trancafiado em oitocentos metros quadrados de solidão, o
gravurista pernambucano descobre na videoarte uma imanente companhia para manter
viva a sua intrínseca e espelhada relação com o mundo, que já lhe é cara. Entrevistado
pelo próprio Allan Ribeiro em uma prosa franca e afetuosa, Darel esbanja
erudição ao discursar sobre a sua maneira de fazer arte e sobre o incômodo de
se “fazer cinema” ao traduzir em palavras a simplicidade caseira de suas filmagens.
O artista ainda questiona os comedidos métodos de trabalho e o olhar econômico de
Allan para realização do filme. Por fim, a troca de experiências entre os dois personagens
nos leva a presenciar um registro arrebatador e cativante desse encontro.
Recheadas de originalidade e com uma qualidade cada vez
mais plural, as nossas produções estão ganhando pujança, refletindo, inclusive,
no amadurecimento nítido e categórico de nossos documentários. Resultado disto,
foi observar “Mais do que eu possa me
Reconhecer” sendo escolhido pelo júri da crítica como o grande vencedor da
Mostra Aurora (seção competitiva de longas-metragens), que integrou 18ª. Edição
da Mostra de Cinema de Tiradentes, plataforma importante para o lançamento de
novos filmes no circuito nacional e que ocorreu no início deste ano.
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"Mais do que eu possa me Reconhecer" (2015) de Allan Ribeiro - Acalante Filmes [br] |
Dirigindo o seu segundo longa, Allan Ribeiro estará
presente na Sala Professor José Tavares de Barros para participar de um debate
sobre “Mais do que eu possa me Reconhecer”
logo após a sua projeção. O diretor também é responsável pelo belíssimo e
poético “Esse Amor que nos Consome” (2012),
longa dirigido em conjunto com o amigo Douglas Soares e que fez parte da
programação do Projeto “Cinema em
Transe” no ano passado com uma exibição especial em abril de 2014.
Buscando ainda a disseminação de obras atuais e extremamente
necessárias, destacamos os importantes trabalhos de Allan Ribeiro em curtas-metragens
que se enquadram ou flertam com o gênero documental, como é o caso do seco e
reflexivo “A Dama do Peixoto” (2010)
e do alegórico e performático “O Clube”
(2014). Além desses, podemos indicar também o seu ótimo primeiro trabalho como
diretor no curta de ficção “Depois das
Nove” (2008).
Criado em janeiro de 2013 com o intuito de promover o
Cinema Nacional, o Projeto “Cinema em
Transe” se transformou em um importante veículo para a disseminação de
produções lançadas recentemente e que obtiveram destaque significativo em
festivais de cinema pelo Brasil e pelo mundo. Ao longo desses últimos dois
anos, as ações do projeto contribuíram muito para a divulgação e difusão do
cinema produzido no país, explorando vários temas e possibilitando um contato
maior do público com importantes obras da nossa cinematografia, por vezes raras
e de difícil acesso.
Ressalvando o enorme valor cultural do projeto, vale
lembrar que as exibições no Sesc Palladium são quinzenais e em sessão única.
Dessa forma, se a divulgação desses filmes não for feita permanentemente,
muitos deles continuarão enfrentando grandes dificuldades para se lançarem no
circuito comercial. Alguns desses excelentes filmes, por exemplo, são inéditos
em Belo Horizonte e, lamentavelmente, terão pouco ou nenhum destaque nas salas
de cinema da cidade. Confira, então, as produções já exibidas pelo projeto em
2015 com o link para os respectivos artigos e ajudem a divulgá-los:
Viva o Cineclubismo e viva o Cinema Nacional!
Observação: a entrada para a sessão de “Mais do que eu possa me Reconhecer”
esta noite é gratuita, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do
Sesc Palladium duas horas antes da sessão. O espaço está sujeito a lotação.
A Sala Professor José Tavares de Barros está localizada
no Sesc Palladium, na Avenida Augusto de Lima 420, centro de Belo Horizonte.
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