Tem início hoje, no Cine Humberto Mauro em Belo
Horizonte, a Mostra “Clássicos Franceses Restaurados”. Ao todo serão exibidos, até o dia 14 de maio, 15 filmes que
farão um pequeno recorte da elegante cinematografia francesa, perpassando por
várias décadas em que a sempre abastada produção de filmes no país foi
responsável por alavancar inúmeros movimentos culturais que influenciaram
outras diversas escolas do cinema mundial.
Através da parceria firmada entre a Fundação Clóvis
Salgado, com a Embaixada da França e o Instituto Francês em Belo Horizonte, foi
possível reunir obras de cineastas consagrados como Georges Franju, Jacques
Demy, Jacques Tati, Julien Duvivier, Max Ophüls, dentre outros. O que torna o
evento ainda mais charmoso para o público é que todos as projeções serão exibidas
em belas cópias restauradas no formato DCP, com altíssima definição.
Esta é uma excelente e rara oportunidade para conferir,
por exemplo, o curta-metragem “Viagem à
Lua” (1902) de Geoges Méliès, que integra a programação da Mostra. Clássico
absoluto do cinema mudo, o filme mostra com uma sensibilidade magnífica a
emocionante aventura de cinco astrônomos que partem em uma expedição para Lua e
lá encontram exóticos e hostis selenitas.
Inspirado pelas narrativas imagéticas de Júlio Verne e mais
de meio século antes do início da corrida espacial, Méliès deixa todo o seu
legado inventivo exprimido na famosa sequência em que uma nave espacial em
forma de bala de canhão atinge o olho direito da Lua. Nas sessões em que o “Viagem à Lua” for exibido, será
projetado na sequência o não menos venerado “Zero
de Conduta” (1933) média-metragem de Jean Vigo.
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"Le Voyage dans la Lune" (1902) de Georges Méliès - Star-Film [fr] |
Ainda dentro da programação, a “História Permanente do Cinema” (mostra contínua do Cine Humberto
Mauro que exibe, sempre às 17:00 de todas as quintas-feiras, sessões comentadas
de clássicos absolutos da história do cinema) terá programação especial, pois
irá dialogar com a presente Mostra apresentando mais dois grandes filmes do
argucioso Cinema Francês. No dia 7 de maio será exibido “O Último Metrô” (1980) de François Truffaut, já na semana
seguinte, no dia 14, o público poderá conferir “A Besta Humana” (1938) do diretor Jean Renoir.
A programação completa está disponível no site da
Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo
link "Clássicos Franceses Restaurados"
A entrada é gratuita, mas é necessário retirar os
ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão. O Cine Humberto Mauro está localizado no Palácio das
Artes, na Avenida Afonso Pena 1537, centro de Belo Horizonte.
Com base na programação divulgada pela gerência da casa,
o Rotina
Cinemeira selecionou e agora indica quatro filmes imperdíveis da Mostra
“Clássicos Franceses Restaurados”,
confira:
A Grande Ilusão (La Grande Illusion, França, 1937)
Direção: Jean Renoir
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Capitão Boeldieu
(Pierre Fresnay) e o Tenente Maréchal (Jean Gabin) são capturados por tropas alemãs
logo após o avião em que estavam ser abatido pelas forças inimigas. Os dois
oficiais franceses são enviados para um campo de prisioneiros de guerra e lá
conhecem companheiros de diversas outras origens. Entre eles está o Tenente
Rosenthal (Marcel Dalio), filho de uma família de ricos banqueiros judeus que,
ironicamente, havia adquirido um castelo que pertencera à família de Boeldieu,
que fazia parte da aristocracia francesa antes do conflito. Encarcerados, os
três acabam engatando uma amizade.
Às vésperas de concluírem um túnel que lhes proporcionaria
a liberdade e depois de algumas tentativas frustradas de fuga, os amigos são deslocados
para uma Fortaleza. Comandado pelo Capitão Rauffenstein (Erich von Stroheim), o
novo local de confinamento do grupo era aparentemente impenetrável e escapar de
lá parecia, teoricamente, impossível. O oficial alemão se mostra simpático a
Boeldieu, justamente por possuir origem nobre, enquanto isso, Maréchal e
Rosenthal continuam com a ideia fixa de escapar e chegam à conclusão de que,
para obterem êxito, era preciso que alguém os atraísse para um determinado
local da Fortaleza.
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"La Grande Illusion" (1937) de Jean Renoir - Réalisation d'Art Cinématographique (RAC) [fr] |
O Boulevard do Crime (Les Enfants du Paradis, França, 1945)
Direção: Marcel Carné
Em 1828, o Boulevar du Temple era destacado como o local onde
pulsava a vida boêmia de Paris. Podíamos encontrar por lá os melhores teatros,
cabarés e bares da capital francesa e no meio dessa multidão deparava-se com
atores, dançarinos e malabaristas. É neste cenário que começou a frustrada
história de amor entre a atriz Garance (Arletty) e o mímico Baptiste Debureau
(Jean-Louis Barrault). Apaixonado, ele não conseguia se declarar, pois o
espírito de liberdade da mulher o intimidava.
Nesse meio tempo, a filha do diretor do teatro, Nathalie
(María Casares), nutria um amor secreto pelo mímico, e o jovem ator Frédérick
Lemaître (Pierre Brasseur) engatou um relacionamento com Garance, que também
amava Baptiste em segredo. Eleito em 1997 como o maior filme francês do século
XX, esse tumultuado círculo amoroso é um dos maiores exemplares do gênero que
ficou conhecido como realismo poético.
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"Les Enfants du Paradis" (1945) de Marcel Carné - Société Nouvelle Pathé Cinéma [fr] |
Pickpocket - O Batedor
de Carteiras (Pickpocket, França, 1959)
Direção: Robert Bresson
Michel (Martin LaSalle) começa a roubar carteiras, mais
pelo prazer e pela diversão do que por necessidade. Entretanto, o hábito acaba
tornando-se uma compulsão e, ao ser preso em uma de suas primeiras tentativas
de furto, ele passa a refletir sobre os delitos que cometeu. O rapaz acaba
percebendo o tremendo choque que causou em sua mãe, família e amigos, provocando
mágoas e decepções. Ainda assim, quando é solto, ele volta ao mundo crime ao
conhecer um ladrão veterano.
Na sua incessante busca por novas vítimas, Michel acaba
desenvolvendo técnicas de furto cada vez mais apuradas e acaba se envolvendo em
transgressões cada vez mais arriscadas. A sua consciência volta a pesar
novamente, dessa vez provocado por um drama familiar e pelo fato de ter se
apaixonado por Jeanne (Marika Green) em sua segunda passagem pela prisão. Inspirado
no romance “Crime e Castigo” de
Fiódor Dostoiévski, o filme busca exprimir o pesadelo de um jovem que busca a redenção
ao tentar vencer a sua fraqueza de ter embarcado em uma perigosa aventura para
a qual não estava preparado.
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"Pickpocket" (1959) de Robert Bresson - Compagnie Cinématographique de France [fr] |
O Demônio das Onze Horas
(Pierrot le Fou, França, 1965)
Direção: Jean-Luc Godard
Ferdinand Griffon (Jean-Paul Belmondo) é ‘Pierrot’, um
professor de espanhol que está em um conturbado casamento com uma italiana. Entediado
de sua maçante vida na alta sociedade francesa, ele decide escapar em uma
viagem rumo ao sul do país, de Paris até o Mar Mediterrâneo, na companhia de
Marianne Renoir (Anna Karina), uma garota perseguida por assassinos argelinos
extremistas.
Um cadáver encontrado em um apartamento e a revelação de
uma sinistra história sobre os terroristas é o mote para que eles iniciem a fuga.
Nessa incomum peregrinação, o novo casal acaba levando uma vida pouco ortodoxa
deixando um rastro de roubos por onde passam. Loucuras que poderão levar a um
final trágico e surpreendente.
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"Pierrot le Fou" (1965) de Jean-Luc Godard Films Georges de Beauregard [fr] | Rome Paris Films [fr] | Société Nouvelle de Cinématographie (SNC) [fr] |
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