Astros e estrelas do calibre de Cary Grant, Claudette
Colbert, Gary Cooper, James Stewart, Jean Arthur e Katharine Hepburn e
diretores renomados como Ernst Lubitsch, George Cukor, e Preston Sturges foram
ícones e grandes responsáveis por construir, através de seus notáveis
trabalhos, uma época gloriosa para o cinema dos Estados Unidos que ficou
conhecida popularmente como “A Era de Ouro de Hollywood”.
Dentro deste contexto, todos eles obtiveram grande
destaque e conquistaram uma legião de fãs ao atuarem nos triviais filmes da “comédia screwball”, um popular
subgênero cinematográfico que dominou as produções dos grandes estúdios com
muita força no período (principalmente nas décadas de 30 e 40) e a que agora
preencherá, a partir de hoje, a tela do Cine Humberto Mauro em Belo Horizonte.
Estendida até o dia 24 de junho, a Mostra “Screwball Comedy: As Comédias Malucas” brindará o público
da capital mineira com 20 tradicionais clássicos carregados de destreza,
intrepidez e, sobretudo, irreverência. Títulos inquestionáveis como, por
exemplo, “O Galante Mr. Deeds” (1936)
de Frank Capra e “Jejum de Amor”
(1940) de Howard Hawks, além do menos reverenciado "Um Casal do Barulho” (1941) de Alfred Hitchcock, integrarão
este agradável e especial evento.
Basicamente, as temáticas trabalhadas pelas “comédias
screwball” são sustentadas por relações amorosas que apresentam (através de
suas situações absurdamente irreais) soluções para uma fuga ou libertação de
amarras sociais culturalmente impostas, funcionando como uma ferramenta segura para
trabalhar os assuntos mais complicados de uma maneira extremamente leve. Tais
características refletem o turbulento panorama de uma conturbada sociedade
estadunidense (e por que não, mundial?) que vive o seu constante processo de
transformação.
Não obstante, as linhas de interpretação observadas em
todos esses filmes possuem relações estreitas com o teatro popular, sendo constantemente
associadas ao agitado pastelão, ao melodramático romance e às tradicionais comédias
de situação. Os diálogos ágeis e recheados de frases de duplo sentido (somados
sempre ao timing que os grandes
atores e atrizes impunham aos seus personagens) revolucionaram o gênero da
comédia, e ainda conseguiam transmitir as suas mensagens de uma forma genial num
momento em que a indústria era sufocada pelas duras proibições do Código Hays.
Ainda dentro da programação, a “História Permanente do Cinema” (mostra contínua do Cine Humberto
Mauro que exibe, sempre às 17:00 de todas as quintas-feiras, sessões comentadas
de clássicos absolutos da história do cinema) terá programação especial, pois
irá dialogar com esta Mostra apresentando mais dois grandes filmes ilogicamente
ágeis e divertidos. No dia 11 de junho será exibido “Quanto mais quente Melhor” (1959) do irônico mestre das narrativas
inteligentes Billy Wilder. Já na semana seguinte, no dia 18, o público poderá
conferir “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”
(1977) de Woody Allen que, dentre os diretores que surgiram nas décadas
seguintes, é o que melhor emprega as engenhosas características das “comédias screwball”
e ainda homenageia o gênero em seus mais recentes trabalhos.
A programação completa está disponível no site da
Fundação Clóvis Salgado (fcs.mg.gov.br) ou pode ser acessada diretamente pelo
link "Screwball Comedy: As Comédias Malucas".
A entrada é gratuita, mas é necessário retirar os
ingressos na bilheteria do cinema meia hora antes de cada sessão. O Cine
Humberto Mauro está localizado no Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena
1537, centro de Belo Horizonte.
Com base na programação divulgada pela gerência da casa,
o Rotina
Cinemeira selecionou e agora indica quatro filmes imperdíveis desta
Mostra, confira:
Aconteceu Naquela Noite
(It Happened One Night, Estados
Unidos, 1934)
Direção: Frank Capra
O jornalista desempregado Peter Warne (Clark Gable) não
imaginava o que estava prestes a vivenciar quando, ao subir em um ônibus que
seguia viagem para Nova York, se deparou com a mimada Ellie Andrews (Claudette
Colbert), filha e única herdeira do milionário Alexander Andrews (Walter
Connolly). A jovem tinha acabado de fugir do iate de sua família, pois o pai
não aprovava quem ela havia escolhido como futuro marido.
Peter enxerga no drama de Ellie a oportunidade para obter
uma boa história digna de matéria de capa em colunas sociais, um grande furo de
reportagem que talvez pudesse lhe devolver o emprego que acabara de perder.
Entretanto, vários acontecimentos que se desdobram deste burlesco encontro
acabam por criar uma forte aproximação entre e o ávido gazeteiro e a meticulosa
dama.
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"It Happened One Night" (1934) de Frank Capra - Columbia Pictures Corporation [us] |
Levada da Breca (Bringing up Baby, Estados Unidos, 1938)
Direção: Howard Hawks
Tentando garantir um milhão de dólares em doações para o
museu onde trabalha, o paleontólogo David Huxley (Cary Grant) joga partidas de
golfe com o seu potencial benfeitor e procura agradá-lo facilitando os jogos,
transformando a sua eventual derrota no lazer em sua maior vitória na carreira
profissional. Huxley também está com seu casamento marcado, e a urgência por um
“patrocínio” se faz ainda mais urgente.
Confuso e totalmente desesperado, David começa a ser
perseguido pela volúvel e irritante Susan Vance (Katharine Hepburn), herdeira
de uma milionária fortuna que está acostumada a ter tudo o que quer. Carregada
de petulância, Susan decide se casar com David e, para mantê-lo ao seu lado,
ela se utiliza de todos os recursos possíveis, envolvendo de maneira
inconsequente até mesmo o leopardo Baby, seu “pequeno” animal de estimação. Com
uma sucessão de problemas intermináveis, a vida deste pacato homem é posta de
cabeça para baixo.
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"Bringing up Baby" (1938) de Howard Hawks - RKO Radio Pictures [us] |
As Três Noites de Eva (The Lady Eve, Estados Unidos, 1941)
Direção: Preston Sturges
Charles Pike (Henry Fonda), rico e inocente dono de uma
importante cervejaria conhece a bela provocadora Jean Harrington (Barbara
Stanwyck) em um cruzeiro. Apesar de ser um jovem milionário, Pike conserva gostos
estranhos e hábitos extremamente rústicos. Ele acabara de voltar de uma
excursão pela Amazônia, onde passou um ano estudando sobre cobras. Jean, por
sua vez, é uma implacável golpista que se aproxima de Charles unicamente para
roubar-lhe toda a fortuna. Os dois acabam “se apaixonando”, mas um engano os
separa.
Tempos depois, Jean reaparece em Connecticut para
reencontrar o seu alvo. Ela precisa se disfarçar como uma importante herdeira
de uma fortuna inglesa para tentar “reconquistar” Charles e tirar dele o máximo
de dinheiro possível. O retorno da charlatã poderá ser atormentador para o
playboy, mas o cupido poderá ser certeiro em uma segunda chance.
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"The Lady Eve" (1941) de Preston Sturges - Paramount Pictures [us] |
Ser ou não Ser (To Be or not to Be, Estados Unidos, 1942)
Direção: Ernst Lubitsch
O período que marca o início da Segunda Guerra Mundial é retratado
de uma forma inteligente e bem-humorada nessa comédia clássica e proeminente do
diretor Ernst Lubitsch (judeu alemão de nascimento) e que se passa durante a
ocupação nazista na Polônia. No filme, acompanhamos corajosos artistas de
teatro liderados pelo espavorido ator e diretor Joseph Tura (Jack Benny) e sua
esposa Maria (Carole Lombard) que se infiltram na Gestapo a fim de libertar
membros da resistência polonesa, presos na tentativa de rastrear e interceptar
as atividades de um espião alemão.
Fingindo serem integrantes da polícia secreta do Estado
Nazi, os integrantes do grupo acabam sendo descobertos e se envolvem por
completo nessa rede de espionagem. Maria é presa e o resto da trupe tenta, de
maneira audaciosa, arquitetar um arrojado plano para resgatá-la das mãos dos
subordinados de Hitler.
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"To Be or not to Be" (1942) de Ernst Lubitsch - Romaine Film Corporation [us] |
BOM DIVERTIMENTO E BOAS SESSÕES!
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