A beleza da poesia invade o sertão pernambucano para nos contar
um pouco mais sobre o instintivo e fatalista destino da humanidade, revelado através
da sua angustiosa e, por vezes, imodesta vontade de se encontrar com a própria (in)finitude.
Primeiro longa-metragem do diretor recifense Camilo Cavalcante, “A História da Eternidade” dará
sequência à variada programação de 2015 do Projeto
“Cinema em Transe” e poderá ser conferido hoje, às 20:00, na Sala Professor
José Tavares de Barros do Sesc Palladium, no centro de Belo Horizonte.
Ensaio sinestésico do amor, dos sonhos e dos desejos
emanados pelo Sertão, “A História da
Eternidade” acompanha três gerações de mulheres que vivem suas intensas
paixões em um desértico vilarejo do nordeste brasileiro, cada uma ao seu modo.
Alfonsina (Débora Ingrid) aguarda ansiosa pelo seu aniversário de 15 anos;
Querência (Marcelia Cartaxo) procura castelar a sua felicidade ouvindo
apaixonadas serenatas; já Aureliana (Zezita Matos) espera apenas um abraço de
seu neto, que em breve chegará para uma visita. Os sentimentos dessas mulheres
revolucionarão a paisagem afetiva de todos moradores da comunidade, personagens
fantásticos de um mundo romanesco no qual as concepções de vida são limitadas;
ordinários, porém virtuosos seres humanos que lidam com as expectativas através
da eterna agonia da espera, a única saída para enfrentar a trágica e obscura
realidade deflagrada pela seca.
Não obstante, os buracos cavados pela aflição ou pela
frágua flagelante dessas três mulheres são devidamente preenchidos por uma entrega
ou por uma infortunada admiração que as mesmas mantêm pelas personagens
masculinas do filme; figuras igualmente fortes que, sob o mesmo sol escaldante
do vilarejo, se comportam ao mesmo tempo languidas e honestamente sóbrias
frente aos tórridos desafios impostos pela aceitação definitiva de suas condições
ou pelo reencontro cruel com as suas indissociáveis mazelas. Destacam-se, no
elenco, nomes de peso como o talentoso Claudio Jaborandy e o unânime Irandhir
Santos que, aqui, contribuem intensamente para a dar à “A História da Eternidade” os contornos necessários que revelem a
crueza vergasta da nossa própria existência.
Selecionado em 2014 para a tradicional Mostra Brigth
Future do Festival de Roterdã, na Holanda, “A
História da Eternidade” já trilha uma carreira de sucesso por outros
festivais e mostras espalhados pelo Brasil e pelo mundo sendo, inclusive, o
grande vencedor do (cada vez mais tradicional) Festival de Paulínia. Na edição
de 2014, o longa abocanhou o grande prêmio da crítica e foi eleito o melhor
filme tanto pelo júri oficial quanto pela imprensa especializada. Camilo
Cavalcante ainda foi escolhido como o melhor diretor e, pelas soberbas
atuações, Irandhir Santos levou o prêmio de melhor ator e o trio de
protagonistas (Débora Ingrid, Marcelia Cartaxo e Zezita Matos) dividiram o
prêmio de melhor atriz.
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"A História da Eternidade" (2014) de Camilo Cavalcante - Aurora Cinema [br] | República Pureza [br] |
Representante nato do pujante e visceral cinema novo pernambucano,
Camilo Cavalcante desponta como um dos cineastas mais promissores desta safra
absurdamente original e inventiva. Com uma série de curtas-metragens no
currículo, o diretor construiu uma base sólida para contar as suas histórias
através do pequeno e árido universo sertanejo, cenário no qual o tempo e a esperança
sempre foram matérias inseparáveis. Dentre esses pequenos trabalhos
destacam-se: “Ocaso” (1997); “Leviatã” (1999); e “O Velho, o Mar e o Lago” (2000); além de “A História da Eternidade” (2003), curta experimental que serviu de
base para Camilo construir a narrativa de seu longa homônimo.
Vale lembrar que, após a projeção de "A História da Eternidade" na noite de hoje, Camilo Cavalcante estará presente na Sala Professor José Tavares de Barros para participar de um debate sobre o filme com mediação do jornalista e crítico de cinema Mrcelo Miranda.
Criado em janeiro de 2013 com o intuito de promover o Cinema Nacional, o Projeto “Cinema em Transe” se transformou em um importante veículo para a disseminação de produções lançadas recentemente e que obtiveram destaque significativo em mostras e festivais de cinema pelo Brasil e pelo mundo. Ao longo desses últimos dois anos, as ações do projeto contribuíram muito para a divulgação e difusão do cinema produzido no país, explorando vários temas e possibilitando um contato maior do público com importantes obras da nossa cinematografia, por vezes raras e de difícil acesso.
Vale lembrar que, após a projeção de "A História da Eternidade" na noite de hoje, Camilo Cavalcante estará presente na Sala Professor José Tavares de Barros para participar de um debate sobre o filme com mediação do jornalista e crítico de cinema Mrcelo Miranda.
Criado em janeiro de 2013 com o intuito de promover o Cinema Nacional, o Projeto “Cinema em Transe” se transformou em um importante veículo para a disseminação de produções lançadas recentemente e que obtiveram destaque significativo em mostras e festivais de cinema pelo Brasil e pelo mundo. Ao longo desses últimos dois anos, as ações do projeto contribuíram muito para a divulgação e difusão do cinema produzido no país, explorando vários temas e possibilitando um contato maior do público com importantes obras da nossa cinematografia, por vezes raras e de difícil acesso.
Ressalvando o enorme valor cultural do projeto, vale
lembrar que as exibições no Sesc Palladium são quinzenais e em sessão única.
Dessa forma, se a divulgação desses filmes não for feita permanentemente,
muitos deles continuarão enfrentando grandes dificuldades para serem
distribuídos ou se lançarem no circuito comercial. Alguns desses excelentes
filmes, por exemplo, são inéditos em Belo Horizonte e, lamentavelmente, terão
pouco ou nenhum destaque nas salas de cinema da cidade. Confira, então, as
produções já exibidas pelo projeto em 2015 com o link para os respectivos
artigos e ajudem a divulgá-los:
- “Branco Sai,
Preto Fica” (DF) de Adirley Queirós;
Viva o Cineclubismo e viva o Cinema Nacional!
Observação: a entrada para a sessão de “A História da Eternidade” esta noite é
gratuita, mas é necessário retirar os ingressos na bilheteria do Sesc Palladium
meia hora antes da sessão. O espaço está sujeito a lotação.
A Sala Professor José Tavares de Barros está localizada
no Sesc Palladium, na Avenida Augusto de Lima 420, centro de Belo Horizonte.
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