Este ano foi
tão corrido que, de certa forma, vou utilizar a mesma introdução de 2015 para
anunciar o nosso último artigo da temporada:
Sábado, dia 31
de dezembro. É desesperador olhar para o relógio e perceber que 2016 já está
quase acabando e que a nossa a prometida lista dos com Os Dez Melhores Filmes do Ano ainda não foi lançada. Mas não
precisamos nos preocupar: afinal, ela acaba de sair do forno!
Como a
seleção e a análise de cada um dos filmes demorou mais tempo do que o previsto
para ser produzida e publicada, não vamos nos alongar nos comentários, deixando
que os mesmos se desenvolvam apenas através das análises sobra cada uma dessas
incríveis obras. Sempre contando com as “injustiças” cometidas, a relação final
tentará não decepcionar ninguém!
E antes que
digam que este ou aquele filme foi lançado em um ano anterior ao de 2016, ou
que tal produção foi exibida pela primeira vez em determinado Festival,
lembramos que o critério que sempre utilizamos para definir os filmes que
integrarão essas listas especiais de fim de ano obedecem a seguinte regra: produções que estrearam em 2016 nas salas
de cinema do Brasil através do circuito comercial; ou aquelas lançadas
diretamente em Home Video ou VOD.
Outra observação importante: “Os
Oito Odiados” (2015) sempre foi um dos candidatos mais fortes a fazerem
parte desta seleção, mas como o oitavo longa de Quentin Tarantino teve sua
pré-estreia marcada para a última semana do ano passado em algumas capitais,
resolvi deixa-lo de fora e abrir espaço para outras produções menos lembradas,
que me encantaram da mesma forma e que também merecem ser apreciadas por
aqueles que ainda não as conferiram.
Vale lembrar
que os filmes “Animais Noturnos”
(2016) de Tom Ford; e “Eu, Daniel Blake”
(2016) de Ken Loach, outros dois prováveis candidtos a figurarem nesta lista,
estrearam somente no dia 29 de dezembro nas salas de cinema brasileiras,
momento em que a nossa lista já estava definida e fechada para a edição.
Após essa
série de esclarecimentos, não custa lembrar que, assim como a seleção dos melhores filmes brasileirosrealizada no meio desta semana, essa listagem também não é longa, mas os
comentários a respeito de cada um dos filmes eleitos acabaram se estendendo um
pouco mais do que o esperado.
Então, sem
mais conversas, vamos aos Os Dez
Melhores Filmes de 2016 (em ordem decrescente):
10º. LUGAR: “O ABRAÇO DA SERPENTE”
(El
Abrazo de la Serpiente, Colômbia | Venezuela | Argentina, 2015) - de Ciro
Guerra
Data da Estreia: 18 de fevereiro de
2016
Inspirado nos diários de viagem registrados pelo etnologista
alemão Theodor Koch-Grünberg e pelo botânico estadunidense Richard Evans
Schultes, “O Abraço da Serpente”
resgata algumas das mais belas memórias que marcaram as primeiras campanhas de
exploração da Amazônia Colombiana. Através da jornada de intensa transformação
destes dois pesquisadores, o longa acaba propondo uma salutar discussão sobre o
grau de importância e sobre os verdadeiros propósitos que vários dos estudos
envolvendo os povos indígenas sul-americanos representaram para a comunidade
científica mundial, sempre em face da dominação e do extermínio dos mesmos.
Entrecortados e interligados, os fragmentos das missões de
Theo (Jan Bijvoet) e Evan (Brionne Davis) estão distados por um período de,
aproximadamente, quarenta anos. Entretanto, os desdobramentos das experiências
indigenistas de cada um deles se aproximam de uma forma muito peculiar,
principalmente por comungarem dos mesmos objetivos e pelo fato de terem sido
conduzidas pelo mesmo guia, Karamakate (Nilbio Torres na fase jovem; e Antonio
Bolivar na fase experiente), um xamã que encontrou – em seu completo isolamento
– um terreno propício para continuar mantendo vivas as suas tradições,
sobretudo por ainda resistir como o único sobrevivente de sua tribo.
Repleto de significados, os caminhos traçados e percorridos
pelas expedições vão sendo remodelados por conceitos filosóficos. Na prática, a
aventura acaba se transformando em uma fabulosa saga de autorreflexão dos
personagens, que têm as suas crenças e convicções colocadas à prova a partir do
raro contato com uma planta sagrada que possui excelentes propriedades de cura;
um bálsamo poderoso plenamente capaz de alterar os níveis de consciência e
proteger qualquer indivíduo das situações de total descontrole.
Arrojado e inteligente, o diretor Ciro Guerra abandona
algumas das principais convenções cinematográficas e – no melhor sentido da
expressão – desrespeita a habitual linearidade empregada na maioria das
reconstituições históricas. A narrativa
se desenvolve com suavidade, sem necessitar de um esforço tangencial que venha
traduzir qualquer mensagem que possa estar escondida nas suas entrelinhas.
Eficiente, o filme alcança o seu propósito ao tratar com simplicidade a
descomunal relação homem-selva, remetendo aos primeiros contatos entranhados
entre civilizações; à curiosa aproximação de diferentes culturas; e à absoluta
relação de desconfiança que vai sendo contornada pelos atípicos laços de
amizade construídos entre Karamakate e os estrangeiros.
Sua poesia é reforçada pela belíssima fotografia em preto e
branco, ao passo em que o realismo é ditado pela crueldade do homem branco,
pela imposição da supremacia étnica e pela desconstrução étnico-cultural
promovida através do escambo, da evangelização ou da exploração dos recursos
naturais abundantes, por exemplo. Épico contemporâneo do cinema latino, “O Abraço da Serpente” envolve a vida e
a morte de maneira extremamente fascinante. Um tour de force eloquente que trabalha, com profunda inventividade e
misticismo, as bases mais singulares da antropologia.
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"El Abrazo de la Serpiente" (2015) de Ciro Guerra - Ciudad Lunar Producciones [co] | Caracol Televisión [co] |
9º. LUGAR: “CREEPY”
(Kurîpî:
Itsuwari no Rinjin, Japão, 2016) - de Kiyoshi Kurosawa
Data da Estreia: 17 de novembro de 2016
A trama ardilosa e extremamente
envolvente de “Creepy” nos conecta ao
que existe de melhor no thriller
psicológico japonês. Trazendo o gênero de terror para a atmosfera eletrizante
dos filmes policiais, Kiyoshi Kurosawa nos apresenta um projeto convincente,
instigante e profundo. A produção vem carregada por um inegável primor técnico
– tanto na estética quanto na construção narrativa – características que também
acabam nos remetendo a um dos maiores sucessos do diretor, o insano e original “A Cura” (1997).
Após se ver envolvido em um grave
incidente que o deixou absolutamente traumatizado, Takakura (Hidetoshi
Nishijima) decide se aposentar do ofício de policial investigativo e passa a
trabalhar como professor de psicologia criminal em uma conceituada universidade
de Tóquio. Esperando que a nova carreira lhe ofereça um pouco mais de
tranquilidade, ele resolve se mudar para um afastado bairro do subúrbio junto
de sua esposa, Yasuko (Yûko Takeuchi). Não demora muito para que o casal comece
a estabelecer protocolares laços de amizade com seus vizinhos imediatos, os
Nishino. A reservada família é composta por um senhor estranhamente simpático
(Teruyuki Kagawa) que, com o auxílio da filha adolescente, cuida de sua esposa
enferma.
A nova rotina de Takakura
transcorria com total serenidade no conforto da nova casa, mas o fato dele
utilizar parte de sua experiência para ministrar suas aulas não permitia a sua
completa desvinculação das atividades da antiga corporação. Embora estivesse
plenamente afastado de suas funções como detetive, ele não conseguiu conter a
curiosidade quando Nogami (Masahiro Higashide), um ex-colega de serviço, lhe
pediu um conselho técnico para tentar concluir as investigações de um
misterioso caso ocorrido há quase seis anos, no qual uma família inteira havia
desaparecido sem que os corpos nunca tivessem sido encontrados. Aparentemente
complexo e sem uma solução lógica, o enigma paira em suspenso até que uma série
de esquisitas coincidências e o surgimento de inesperadas testemunhas começam a
chamar a atenção de Takakura e Nogami.
Mesmo com um prólogo de tirar o
fôlego, “Creepy” pode não conquistar
o público instantaneamente. Afinal, grande parte da estrutura do longa é
construída através de um estudo minucioso sobre o perfil psicológico de cada um
dos personagens, além da proeminente e gradativa ambientação que vai sendo
preparada para o seu clímax final. Aqui a psicopatia é concebida, tratada e
trabalhada de forma latente, sendo absorvida e interpretada de maneira soberba
pelo grande vilão da história que, apesar de ter o perfil e a identidade
escancaradamente entregues durante o desdobramento das ações, pretendemos não
revelar no corpo deste texto para não estragar a antecipação de alguns twists
que são lançados ao longo do lancinante desenvolvimento do enredo. Arrepiante e
bizarro, esse “embuste escatológico” se configurou como um dos melhores suspenses
do ano.
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"Kurîpî: Itsuwari no Rinjin" (2016) de Kiyoshi Kurosawa - Asahi Shimbun [jp] | Asmik Ace Entertainment [jp] KDDI Corporation [jp] | Kinoshita Group [jp] | Kobunsha [jp] | Shochiku Company [jp] |
8º. LUGAR: “JULIETA”
(Julieta,
Espanha, 2016) - de Pedro Almodóvar
Data da Estreia: 7 de julho de 2016
Cercado por uma atmosfera enternecida e misteriosamente
charmosa, o trabalho mais recente de Pedro Almodóvar explora as relações
humanas de maneira singular, permitindo que o cineasta espanhol volte a criar
um ambiente propício para se debruçar sobre a esfera emocional dos dilemas
femininos. Experiência cinematográfica cativante, “Julieta” se comporta como um melodrama elegante que em nenhum
momento oferece pausas para o público respirar. O clima de suspense é ditado
pela mistura de sentimentos da personagem-título e embalado por uma trilha
sonora tipicamente herrmanniana. Além
disso, não podemos deixar de destacar seu esplendoroso visual, reforçado pela
vivacidade de sua tradicional paleta de cores – ainda que toda essa a
exuberância tenha sido apresentada de modo bem mais sóbrio desta vez.
O tom melancólico que marca o desenrolar dos acontecimentos
transparece no semblante sofrido de Julieta (Emma Suárez), uma mulher de meia
idade que vive em Madrid com o atual namorado, Lorenzo (Darío Grandinetti); os
dois estão tratando de resolver as últimas pendências para se mudarem em definitivo
para Portugal. Entretanto, os planos de Julieta mudam drasticamente, e o seu
destino toma um rumo completamente inesperado após um encontro casual com
Beatriz (Michelle Jenner), melhor amiga de sua filha durante a infância. Antía
(Blanca Parés) não entra em contato com a mãe há mais de doze anos, desde
quando abandonou o lar sem deixar nenhum contato.
Desestabilizada e com o coração coberto por feridas
incicatrizáveis, Julieta decide encarar a realidade de frente, tentando correr
atrás de um tempo que provavelmente não irá reconquistar e procurando se livrar
das condenações do passado que insistem em lhe enfraquecer. Na esperança de
retomar o contato com a filha, ela resolve voltar a morar em seu antigo
apartamento e começa a escrever uma carta carregada de dor e de culpa,
registrando as lembranças mais marcantes do período em que viveram juntas.
Através de flashbacks, vamos conhecendo detalhes da juventude de Julieta
(Adriana Ugarte) e do seu relacionamento com Xoan (Daniel Grao), pai da pequena
e encantadora Antía (Priscilla Delgado).
Tomando como base uma série de contos da escritora canadense
Alice Munro, Almodóvar assume o controle das ações ao construir um roteiro
formidável e preciso. Entrelaçando toda a história da protagonista pelas duas fases
mais extremadas e decisivas de sua vida, ele percorre caminhos supostamente
óbvios para desvendar os segredos e as motivações de sua transformação. A
previsibilidade fica apenas nas aparências, pois a trama é conduzida por um
fluxo narrativo intenso que mantém contornos angustiantes do início ao fim da
projeção. “Julieta” não é uma
obra-prima, mas é a prova de que o diretor sempre tem algo a nos dizer e que
ainda pode surpreender de maneira extremamente positiva quando se propõe a
cumprir seus desafios particulares.
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"Julieta" (2016) de Pedro Almodóvar - El Deseo [es] |
7º. LUGAR: “TANGERINA”
(Tangerine,
Estados Unidos, 2015) - de Sean Baker
Data da Estreia: 21 de janeiro de 2016
A assombrosa
e ilimitada onda de lançamentos da cena independente vem nos presenteando com
uma quantidade admirável de filmes corajosos que, de tempos em tempos,
aprimoram as discussões sobre os variados modos de se fazer cinema. Alguns
desses trabalhos acabam conquistando seu espaço dentro da singular lógica de
distribuição e exibição, reagindo com firmeza ao esmagador domínio de mercado
dos grandes estúdios através da realização de projetos inovadores (tanto nas
técnicas utilizadas quanto nas temáticas abordadas). O crescente entusiasmo é
reflexo da acelerada modernização e do incontido avanço do consumismo, que
tornam o acesso à tecnologia cada vez mais facilitado. Este fenômeno é global e
permite que a capacidade criativa de muitas pessoas seja disseminada
instantaneamente.
Nesse
panorama, determinadas peças cinematográficas procuram se diferenciar enquanto
arte, ao passo que também tentam se encaixar nas lacunas reservadas para o
entretenimento. Apesar de possuir uma carreira sólida e um currículo recheado
por pares de títulos com valores reconhecidos pela crítica e pela indústria em
geral, o diretor nova-iorquino Sean Baker revoluciona e subverte convenções ao
rodar seu último filme de maneira muito curiosa. “Tangerina” foi inteiramente registrado pelas lentes da câmera de
um iPhone 5s; deixando claro que nenhum maluco saiu ao léu para gravar munido
somente de um aparelho celular. Mesmo com parcos recursos, foi necessário que a
equipe de produção contasse com um aparato técnico mínimo, dispondo de
adaptadores anamórficos, tripés e rebatedores de luz, por exemplo.
De qualquer
forma, a proposta é muito interessante e os resultados desse esforço apresentam
para o público uma incrível comédia dramática que acompanha as desventuras da
garota de programa Sin-Dee Rella (Kitana Kiki Rodriguez), uma transexual que
vagueia enraivecida pelas ruas de Los Angeles durante a véspera de Natal. Após
retornar de uma curta temporada de 28 dias na a prisão, ela descobre, por meio
de uma conversa sincera com sua melhor amiga, Alexandra (Mya Taylor), que o seu
namorado e agenciador, Chester (James Ransone), está lhe traindo. Às lágrimas e
com o coração partido, Sin-Dee parte para uma enciumada e frenética perseguição
sentimental, afim de acertar as contas com Chester e com sua suposta amante, a
cisgênero Dinah (Mickey O’Hagan).
Apesar dos
momentos hilariantes, o clima melancólico insiste em pairar sobre a atmosfera
hipnótica e alaranjada de “Tangerina”,
afinal, a infidelidade e as desilusões amorosas são os assuntos mais
recorrentes dessa audaciosa narrativa. Algumas nuances de realismo são
ressaltadas pelo desenvolvimento de histórias secundárias – como no núcleo do
pervertido taxista Razmik (Karren Karagulian) – que revelam bastidores
provocantes encobertos pela dinâmica suburbana da “cidade dos anjos”. Apoiado
pelas contagiantes atuações do elenco, o longa ainda contempla a ampla
diversidade cultural californiana e debruça-se sobre as questões de gênero
constantemente aprofundadas pelo segmento LGBT.
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"Tangerine" (2015) - de Sean Baker - Duplass Brothers Productions [us] | Through Films [us] |
6º. LUGAR: “CINCO GRAÇAS”
(Mustang,
França | Alemanha | Turquia | Catar, 2015) - de Deniz Gamze Ergüven
Data da Estreia: 21 de janeiro de 2016
Surpreendente longa-metragem de
estreia da cineasta turca Deniz Gamze Ergüven, “Cinco Graças” é conduzido por uma das narrativas mais poderosas e
destemidas já apresentadas pelo impactante cinema de criação desde a virada do
século. Trazendo para o centro das discussões um assunto abordado
frequentemente por produções do extremo ocidente asiático, o filme apresenta
uma coleção de imagens emocionantes, carregadas de uma poética e de um realismo
tão profundos que chegam a transbordar na tela todas as amarguras e tristezas
que só a crueldade do patriarcado ainda pode provocar.
As aulas chegaram ao fim em
İnebolu, pequena cidade litorânea ao norte da Turquia. Lale e suas quatro irmãs
saem com alguns colegas para comemorar o início das férias de verão e se
divertem na praia de maneira descontraída e completamente inocente, menos aos
olhos da comunidade ultraconservadora. As garotas são órfãs e estão sob os
cuidados da avó e de um tio que, logo após uma série de boatos, decidem
mantê-las confinadas dentro de casa, impondo uma condição de submissão e o
pleno cumprimento dos costumes mais rígidos de sua religião. Enquanto isso, os
seus casamentos vão sendo arranjados, um a um, ainda que precocemente.
A vida das meninas toma um rumo
diferente, mas, mesmo trancafiadas, elas nunca deixam de desejar a liberdade,
resistindo com firmeza aos limites estabelecidos. Toda a história é acompanhada
do ponto de vista de Lale, mas a coesão do enredo faz com que as atrizes que
interpretam as cinco irmãs sejam a alma de “Cinco
Graças”, uma celebração da amizade e da cumplicidade entre pessoas que se
amam profundamente.
Apesar da trama se desenvolver em
outro país, o longa foi o representante francês na disputa do Oscar de melhor
filme estrangeiro deste ano. Isso ocorreu porque, em 2011, Deniz Gamze Ergüven
foi uma das convidadas a participar do Atelier da Cinéfoundation, um evento
patrocinado pelos organizadores do Festival de Cannes que convidam alguns dos
realizadores mais promissores do mundo para participar de uma espécie de meeting, abrindo as portas para que
co-produções internacionais consigam apoio necessário para acelerar os
processos de finalização e acabamento. A diretora estava procurando suporte
para desenvolver o seu primeiro projeto, intitulado “Kings”.
Foi durante esse encontro que ela
conheceu a diretora francesa Alice Winocour, que estava divulgando “Augustine” (2012) na semana de
realizadores em Cannes. Sem o financiamento mínimo para a aprovação de seu
projeto, Deniz foi aconselhada pela colega a escrever alguma peça
cinematográfica mais intimista, que pudesse ser rodada com menos recursos e com
mais liberdade, o que acabou levando as duas a trabalharem juntas na
estruturação do roteiro de “Cinco Graças”. O filme acabou sendo multipremiado, com
destaque em Cannes no César e obtendo o reconhecimento da Academia.
Observação importante:
“Kings” está em processo de
filmagem... Vem coisa boa por aí!
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"Mustang" (2015) de Deniz Gamze Ergüven - CG Cinéma [fr] |
5º. LUGAR: “CAROL”
(Carol,
Reino Unido | Estados Unidos | Austrália, 2015) - de Todd Haynes
Data da Estreia: 14 de janeiro de 2016
Quando o
romance “O Preço do Sal” foi lançado
em 1952, um artigo do popular The New York Times o classicava como “um relacionamento moderno entre duas
mulheres”, justamente por não conseguir encontrar palavras melhores para
discutir um tema que sequer era abordado pública e particularmente pela
sociedade estadunidense na época. Autora do argumento, a escritora texana
Patricia Highsmith chegou a utilizar um pseudônimo para conseguir publicar o
livro e evitar a dura repreensão da crítica por ser mulher e por abordar a
homossexualidade de uma maneira tão transparecida. Com o título de “Carol”, a obra teve seu texto adaptado
para o rádio, para o teatro e, recentementnte, para os cinemas, em um notável
trabalho conduzido pelo diretor Todd Haynes.
Ambientada na
Nova York do início dos anos 50, a trama acompanha a trajetória de duas
mulheres de origens bastante diferentes que casualmente se encontram e passam a
a nutrir, uma pela outra, os sentimentos e desejos mais profundos. Sonhando com
uma vida melhor, Therese Belivet (Rooney Mara) trabalha em uma loja de
departamento em Manhattan durante o período do Natal. Certo dia, a jovem
conhece Carol Aird (Cate Blanchett), uma mulher madura e sedutora que se
encontra presa em um casamento fracassado. Já neste primeiro encontro, as duas
acabam estabelcendo uma sintonia fabulosa, provocada pelo instintivo prazer de
uma atração imediata.
Inevitavelmente,
o envolvimento de Carol com Therese acaba vindo à tona; e como as normas
convencionais daquele tempo contestavam qualquer tipo de relação extraconjugal
de forma condenatória, as duas passaram a sofrer uma rejeição dobrada por conta
dos recentes acontecimentos. O marido de Carol, Harge Aird (Kyle Chandler),
passa a afrontá-la com discursos vazios sobre amor e cumplicidade e ainda
contesta a sua capacidade e competência ao desempenhar o papel de mãe quando
descobre os estreitos laços de amizade que a esposa também havia mantido com
Abby Gerhard (Sarah Paulson), sua melhor amiga. Repleto de outras camadas
afetivas e sensoriais, o longa se desenvolve sobre um plano reflexivo, contido
e extremamente doloroso, mas sem dissipar a atmosfera carregada por uma tensão
sexual latente cercada de mistérios, encantos e decepções.
Triste é
percerber que, décadas depois, o mundo continua se comportando de maneira
semelhantemente grosseira e intolerante. Assim como na ponta do lápis de
Patricia Highsmith, o discurso do filme não pretende apenas se conservar como
um recado espontâneo para a nossa geração, mas sim se transformar em um
instrumento capaz de reverberar e renovar alguns de nossos conceitos a partir
de um ideal de felicidade estúpido defendido pelos nossos antepassados. “Carol” é, sem dúvida, uma das
demonstrações mais puras de que o amor é um fenômeno que sempre fará parte da
condição de existência humana, independentemente da sexualidade.
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"Carol" (2015) de Todd Haynes - Infilm [gb] | Number 9 Films [gb] | Killer Films [us] |
4º. LUGAR: “O LOBO DO DESERTO”
(Theeb,
Emirados Árabes Unidos | Catar | Jordânia | Reino Unido, 2014) - de Naji Abu
Nowar
Data da Estreia: 18 de fevereiro de
2016
Candidato ao
Oscar de melhor filme estrangeiro na edição deste ano, “O Lobo do Deserto” é uma obra cinematográfica poderosa, pois
propõe uma das discussões mais urgentes sobre os atuais rumos da humanidade e é
reflexo do florescimento de uma nova era de produções independentes que
contemplam as regiões mais desfavorecidas do planeta. Diretamente confrontados
pelo nosso indiluível caráter, observamos como determinadas decisões podem
mudar a vida das pessoas de maneira drástica e efêmera. Além disso, descobrimos
que a fraternidade, a solidariedade e o respeito à dignidade de cada ser humano
representam um conjunto de virtudes que todos nós deveríamos comungar.
Em 1916, o
mundo começava a sofrer algumas das consequências mais danosas de sua Primeira
Grande Guerra. Em meio a eclosão dos primeiros conflitos armados da Revolta
Árabe, Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) participa de uma arriscada peregrinação
junto a uma tribo de beduínos que atravessa o deserto da Província de Hejaz,
localizada no Império Otomano. Acostumado a um cotidiano rústico, o menino
passa boa parte do tempo brincando com seu irmão mais velho, Hussein (Hussein
Salameh Al-Sweilhiyeen). Entretanto, o destino desse grupo de viajantes toma
outros rumos com a chegada de Edward (Jack Fox), um oficial do exército
britânico, e Marji (Marji Audeh), o seu guia.
Perdido pelo
território, o estrangeiro pede para que Hussein o acompanhe em uma missão
secreta. Pela primeira vez a civilização ocidental penetra em um antro até
então intocado e, de forma acidental, Theeb acaba se transformando no
protagonista dessa história, tendo ainda que enfrentar a crueldade e a
insegurança na sua precoce transição para a vida aulta. A sua trajetória é
cativante e nunca apela para o sensacionalismo, justamente pelo fato de seu
drama particular ser intenso e verdadeiro. Jamais esperamos que garoto trilhe
uma jornada escaldante e solitária em busca constante pela sobrevivência;
nostálgico, o sol se põe e mais um dia turbulento termina.
As
ambientações são um espetáculo visual à parte e o ritmo lento e silencioso da
narrativa são um convite para apreciar as belezas do deserto; assim como os
enquadramentos focados nas expressões sofridas dos personagens, que nos
aproximam ainda mais da profunda sutileza de suas interações. Simples tal qual
o popular cinema iraniano – que alcançou reconhecimento internacional a partir
da década de 90 – alguns longas lançados pela Jordânia vêm ganhando a atenção
do público por marcarem presennça em alguns dos festivais mais importantes do
mundo – principalmente nos últimos cinco anos – com amplo destaque para “O Casamento de May” (2013) de Cherien
Dabis; e “Curse of Mesopotamia”
(2015) de Lauand Omar. Futuramente, “O
Lobo do Deserto” poderá se configurar como um dos principais trabalhos que
colocaram o padrão das produções do Oriente Médio em um patamar ainda mais
elevado.
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"Theeb" (2014) - de Naji Abu Nowar - Bayt Al Shawareb [jo] | Noor Pictures [gb] |
3º. LUGAR: “CREED: NASCIDO PARA LUTAR”
(Creed,
Estados Unidos, 2015) - de Ryan Coogler
Data da Estreia: 14 de janeiro de 2016
Carregado de
nostalgia, “Creed: Nascido para Lutar”
alumia e revigora uma das franquias de maior sucesso da história do cinema
através de uma crônica moderna que acompanha a jornada de superação de Adonis
Johnson (Michael B. Jordan). O rapaz é fruto de um relacionamento extraconjugal
do brilhante pugilista Apollo Creed, que morreu antes mesmo de conhecer o
filho. Com a paixão pelo boxe impressa em seu DNA, ele tenta construir uma
carreira vitoriosa nos ringues ao mesmo tempo em que procura fugir da sombra do
pai.
Em busca de
identidade, o jovem lutador segue para a Filadélfia afim de encontrar o grande
amigo e maior rival de seu pai, o lendário Rocky Balboa (Sylvester Stallone).
Envelhecido e avesso a modernidades, o ex-campeão mundial dos pesos-pesados se
mostra reticente diante da proposta inicial de Adonis, que tenta convencê-lo a
trabalhar como seu mentor. A partir do momento em que Rocky aceita treinar o
garoto, passamos a testemunhar o fortalecimento de um fraterno vínculo de
amizade entre os dois. Parte dessa cumplicidade é dividida com Bianca (Tessa
Thompson), uma talentosa cantora de R&B que engata um relacionamento com
Adonis.
Corajoso, o
diretor Ryan Coogler – que já havia estreado de forma proeminente em
longa-metragens com o elogiado “Fruitvale
Station: A Última Parada” (2013) – resolveu transformar em roteiro uma
antinga história que havia escrito, imaginando quais seriam os próximos passos
de Rocky Balboa nos anos que seguiriam à sua aposentadoria. A ideia de colocar
um personagem tão representativo no plano secundário dessa nova narrativa parecia
ser uma aposta bastante arriscada. Consequentemente, convencer Sylvester
Stallone a participar do projeto também não seria uma das tarefas mais fáceis.
O astro não
só topou como também se envolveu de maneira apaixonada com a produção do filme.
Definitivamente, esta seria a grande oportunidade de Stallone mostrar aos
críticos a sua inquestionável versatilidade, se entregando a uma interpretação
profundamente densa. Inclusive, grande parte da carga emocional da trama está
centrada nas aflições e nas incertezas que tomam conta da vida particular de
Balboa. A repetição do icônico papel rendeu a Sly o Globo de Ouro de Melhor
Ator Coadjuvante; mas o fato de não ter o seu talento reconhecido pela Academia
representou, certamente, uma das maiores frustrações deste ano.
“Creed: Nascido para Lutar” não pode ser classificado ou sequer
considerado uma peça de comparação, mas não restam dúvidas de que ele devolveu
a emoção e a qualidade que a série foi perdendo ao longo de suas continuações e
que, fortuitamente, havia ganhado um pequeno fôlego com “Rocky Balboa” (2006), dirigida pelo próprio Stallone. A obra é bem
superior a esse fato, pois construiu uma carreira independente e tem potencial
para se transformar em um dos maiores clássicos da contemporaneidade.
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"Creed" (2015) de Ryan Coogler Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) [us] | Warner Bros. [us] | New Line Cinema [us] | Chartoff-Winkler Productions [us] |
2º. LUGAR: “A CHEGADA”
(Arrival,
Estados Unidos, 2016) - de Denis Villeneuve
Data da Estreia: 24 de novembro de 2016
Produção
cinematográfica mais elogiada e recomendada deste final de ano, “A Chegada” trata com muita delicadeza e
sensibilidade o que os demais filmes que seguem a linha habitual do gênero
procuram abordar de maneira megalomaníaca. Adaptado do sofisticado conto de
ficção científica “Story of Your Life”,
do escritor Ted Chiang, o contorno da trama é concebido com notável vigor e
explora uma série de temas interessantes, como o aguardado contato com outras
formas de vida inteligente; como as incertas consequências estabelecidas em
vínculos de casualidade podem afetar o nosso destino; e como o relativismo
linguístico influi na construção cultural de universos intelectuais distintos.
Quando doze
OVNIs gigantescos aparecem misteriosamente em vários cantos da Terra, uma
equipe composta pelos cientistas mais respeitados dos Estados Unidos é
imediatamente convocada pelo governo e pelos militares com o objetivo de
investigar e desvendar as possíveis motivações deste primeiro encontro de
espécies extraterrestres com a humanidade. Enquanto o mundo enfrenta uma de
suas mais graves crises, oscilando entre vários desacordos diplomáticos e se
encaminhando para um conflito global sem precedentes, o grupo liderado de forma
protocolar pelo Coronel Weber (Forest Whitaker) se estabelece próximo a área
onde uma dessas estranhas “naves espaciais” se encontra estacionada.
Entre os
estudiosos recrutados estão Louise Banks (Amy Adams), uma professora
universitária especializada em linguagem; e Ian Donnelly (Jeremy Renner), um
físico aprumado e muito seguro de si por estar acostumado às explicações
lógicas fornecidas pelos números. Correndo contra o tempo, eles tentam cumprir
a difícil tarefa de interpretar e decodificar os incomuns sinais transmitidos
pelos alienígenas que comandam esta ação. Apelidadas cientificamente de Heptapods (e carinhosamente de Abbott e
Costello), as duas criaturas possuem uma forma bastante peculiar de se
comunicar, elaborando uma estrutura de escrita baseada em símbolos semânticos
complexos. Ao passo em que consegue decifrar alguns desses códigos,
demosntrando uma linha de raciocínio possível para estabelecer uma interção com
estes seres, Louise é envolvida por um dilema que poderá ameaçar a sua vida e,
possivelmente, colocar todo o planeta em risco.
Certeira na
crítica à instabilidade comportamental da sociedade e sua pífia capacidade de
aproximação através do diálogo, a história ainda é entrecortada pelo
relacionamento afetivo de Louise com a filha. Com recordações dolorosas ou com
memórias que precisam ser esquecidas, observamos os pontos que sustentam um
ardiloso suspense e provocam ondas de ansiedade no espectador. Essa
característica narrativa é muito comum nas obras do diretor canadense Denis
Villeneuve que, sempre acostumado com a construção de elipses, conduz aqui um
trabalho sólido apoiado por um roteiro hábil e sem espaço para devaneios.
Entretanto, é a interpretação exuberante de Amy Adams que carrega toda a emoção
entranhada no longa, imprimindo ritmo e potência necessária para alavancar seu
sucesso.
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"Arrival" (2016) de Denis Villeneuve 21 Laps Entertainment [us] | FilmNation Entertainment [us] | Lava Bear Films [us] | Xenolinguistics [us] |
1º. LUGAR: “O QUARTO DE JACK”
(Room,
Irlanda | Canadá | Reino Unido | Estados Unidos, 2015) - de Lenny Abrahamson
Data da Estreia: 18 de fevereiro de
2016
O ano de 2016
começou repleto de promessas, alvoroçado pelas estreias de dramas estritamente
densos, megaproduções milionárias e expansões das mais famosas franquias
cinematográficas; mas nenhuma delas nos pegou com tanta surpresa e provocou
tamanha comoção quanto o lançamento de “O
Quarto de Jack”. O venturoso trabalho de Lenny Abrahamson carrega na
simplicidade o seu maior trunfo, adaptando com maestria o romance “Room”, da escritora irlandesa Emma
Donoghue. Apesar de contar com uma sinopse entreguista, é importante destacar
que a trama nunca gira em torno das surpresas e sequer é marcada por grandes
reviravoltas; em nenhum momento revelamos nada além daquilo que fora veiculado
nos trailers ou em outros materiais
de divulgação do longa.
Inspirado em
casos doentios de sequestros, cárceres privados e escravização sexual, “O Quarto de Jack” não abusa da emoção
ou do incômodo para tratar de um assunto tão repulsivo, severo e
silenciosamente monstruoso. Sem dúvidas, a maior virtude alcançada na
construção da narrativa fica marcada pela singeleza das ações, amplamente
reforçada pela trajetória metamórfica de suas personagens. Essa predicação se
torna ainda mais clara quando observamos um tema absolutamente complicado
abandonar as possibilidades de se prender a sentimentalismos baratos, passando
a tomar contornos interessantes ao ser conduzido através do prodigioso ponto de
vista de uma criatura inocente, Jack (Jacob Tremblay), um garotinho de cinco
anos de idade.
Entregue à
imaginação, Jack tem vivido muito feliz dentro dos limites idealistas do seu
universo particular, confinado em um pequeno galpão na companhia da mãe, Joy
(Brie Larson). Ambos são mantidos reféns por um homem misterioso, conhecido
apenas como Velho Nick (Sean Bridgers). O menino nasceu neste quarto e, fora as
visitas periódicas desse sequestrador, seu único contato com o ambiente
exterior se dá pela claraboia do abrigo e pelas imagens da televisão, que
registram um mundo fantástico habitado por árvores, animais e outras pessoas.
Tomada pelo amor e pela angústia, Joy elabora um plano arriscado para escapar
do cativeiro; façanha que sublima a sua redenção e legitima as proezas do papel
de uma mãe protetora.
A partir
desse ponto, acompanhamos as descobertas e o misto de sensações que Jack
experimenta ao mergulhar, de maneira profundamente inesquecível, em uma
realidade da qual ele nunca sonhou que pudesse existir. Factualmente,
considerações e discussões sobre o filme perder o fôlego quando a porta do quarto
se abre são pertinentes, mas não podemos menosprezar a valorosa e singular
direção de Abrahamson, que nos mostra o quanto essa vida real pode ser
dilacerante. A atuação intrépida e magnética de Brie Larson foi agraciada com
um Oscar na categoria de melhor atriz; e a simpatia de Jacob Tremblay
transcende barreiras de fofura, fazendo do ator mirim a personalidade mais
apaixonante e carismática do ano.
Entendemos também que uma lista com apenas dez filmes
acaba ficando muito pequeno para traduzir a ampla produção cinematográfica
internacional. Dessa forma, resolvemos incluir, no final do artigo, pequenas
listas que citam somente o título, o ano de produção e o diretor de filmes que
se encaixam em algumas categorias que julgamos importantes. Confira:
Também mereceram destaque este ano: “O Cavalo de Turim” (2011) de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky; “Ele Está de Volta” (2015) de David Wnendt; “Elle” (2016) de Paul Verhoeven; “A Ovelha Negra” (2015) de Grímur Hákonarson; “O Regresso” (2015) de Alejandro G. Iñárritu; e “Spotlight: Segredos Revelados” (2015)
de Tom McCarthy.
Não vimos e nem veremos: “Ben-Hur”
(2016) de Timur Bekmambetov.
Ainda faltam ser conferidos: “Anomalisa”
(2015) de Duke Johnson e Charlie Kaufman;
“Capitão Fantástico” (2016) de Matt
Ross; “Jovens, Loucos e mais Rebeldes”
(2016) de Richard Linklater; “Juventude”
(2015) de Paolo Sorrentino; “Sieranevada”
(2016) de Cristi Puiu; e “Sully: O Herói
do Rio Hudson” (2016) de Clint Eastwood.
Podem obter grande destaque em 2017: “Blade Runner 2049” (2017) de Denis Villeneuve; “La
La Land: Cantando Estações" (2016) de Damien Chazelle; “Manchester à Beira-Mar” (2016) de Kenneth
Lonergan; “Moonlight” (2016) de Barry
Jenkins; “Silêncio” (2016) de Martin
Scorsese; e “Toni Erdmann” (2016) de Maren
Ade.
Maior expectativa para 2017: “Star
Wars Episódio VIII” (2017) de Rian Johnson.
(*) Lembrando
que críticas, apontamentos de injustiças ou esquecimentos podem ser expressos
nos comentários... ;-)
(**) Também
não descartaremos os elogios! :-D
Confira também as listas
com “Os Dez Melhores Filmes” de cada
ano elaboradas pelo Rotina Cinemeira em artigos anteriores:
ENTÃO É ISSO!
QUE O ANO DE 2017 SEJA TÃO ESPECIAL QUANTO FOI O DE 2016: UM ANO DE EXCELENTES
FILMES, INESQUECÍVEIS PARA TODOS NÓS!
VIVA O
CINEMA!